SOBRE O QUE NÃO ALCANÇO...

E u já escrevi sobre esta minha, digamos, angústia frente ao que o nosso entendimento não alcança.

Dizia outro dia que um amigo se considerava intoxicado pela "overdose de mídia" depois do falecimento do pop star MICHAEL JACKSON.

Bem , eu parei para analisar se havia visto algo parecido...pelo meu já vivido tempo.

Aqui pelo Brasil perdemos Sena num inesquecível domingo de campeonato , que era mundialmente "endeusado" no mundo da fórmula um, mas nem de longe a convulsão dos fãs e da mídia foi parecida com o que vemos agora, por ocasião do Pop Star Jackson.

Eu ainda era muito jovem quando Lennon e Elvis faleceram, mas já suficientemente consciente para me lembrar que nem de longe a "paranóia" foi igual.

Conta a minha mãe que na década de cinquenta, por ocasião do súbito falecimento de Francisco Alves num acidente de automóvel, houve também uma comoção geral.

Mas me parece que antigamente as pessoas choravam diferentemente pelos seus mortos. Choravam com o coração...não com a manipulação.

Não havia tanto o intêresse de se tirar proveito "financeiro" das diversas situações pós morte daqueles que se mitificaram em vida.

Eu sinceramente não consigo entender.

Certos movimentos manipulados "das massas" chegam a me assustar.

Hoje a capa do msn diz o preço do caixão que guardará o corpo do ídolo...vinte e cinco mil dólares.

Que interesse há nessa notícia? Que diferença o tal fato-um dólar a mais ou a menos num continente de madeira para um corpo-gera para ele ou para nós, meros mortais ainda desse mundo?

Senhas distribuídas pela internet para um funeral "mega show"que mobiliza freneticamente milhares de pessoas...pelo planeta.

O que será que as move para tanta comoção?

Qual o significado na vida e no coração das pessoas dum mega evento pós morte que indubitalvelmente apenas tem o interesse de movimentar a mídia e as vendas da obra do ídolo, e cujo féretro "arrastado" é explorado discaradamente, quase um desrespeito ao próprio corpo que foi de "carne e osso" igualmente como a qualquer um de nós, meros mortais...e que urge pelo respeito e descanço a que todos temos o direito.

Há quem diga que a humanidade precisa de ídolos para se dasafogar e eu não tenho dúvida disso.

Deveras precisamos. Mas o que mais precisamos é de sinalizações que nos norteiem para o que nos é essencial nesse mundo!

E acredito que pelo desenrolar da nossa futura história, diante do descompasso que vemos na caminhada humana por essa Terra, ainda precisaremos de muito mais ídolos e de suas futuras manipulações irracionais!

Talvez necessitemos imortalizar as ilusões dentro de nós, acreditar que um pequeno detalhe nos faça a diferença nesse "aqui e agora" obscuro, misterioso, ainda que manipulados pelos interesses nem sempre tão claros, daqueles que se valem de todos os momentos para vender a festa das ilusões.