Desconforto.

10/07/09

I

Ontem, recebi uma sugestão, (em tom de exigência), para que registrasse a seriedade de meu momento,

Que pusesse no papel as dificuldades, as quedas, expusesse os enigmas neste andamento,

Entretanto, nego-me a fazer um registro com este teor, muito menos expor assim meu sentimento,

Não só pelos fatos, mas por entender que situação ruim, não deva colocar neste documento,

II

Recebi esta insinuação, (avessa ao meu contrato de alegria), de salientar este desvão sombrio em meu caminho,

Enumerasse cada pedra e seu respectivo tropeço, cada ruína, todo ferimento por espinho,

Expor o meu semblante, o inchaço de meus braços, das mensagens insensatas sem saberes,

Falasse da tristeza vazia num deserto que consome aos poucos a mocidade em flor, psicose sem prazeres,

III

Porém, olho para o espaço escuro e vejo a lua clareando, (soberba), debruçada na janela,

Uma fonte no horizonte surgindo, um sonho mais do que perfeito, uma explosão para as coisas mais belas,

Um devaneio simples e intenso, orvalhado de amor profundo, que me fascina e me deixa radiante,

O brilho que me toca intimamente, lança este feitiço aos meus dedos numa mostra delirante,

IV

Embriagando-me em carinhos, refazendo fantasias, envolvendo-me neste eterno abraço,

Desperto neste repente, e envolvo-me nestas quimeras, retoco meus segredos na poesia que faço,

Recuso-me a escrever sobre tédio já que tenho outras tantas coisas admiráveis para por em sublimação,

As lembranças que me alcançam, flores da esperança, escondidas, misteriosas, vivacidade em elevação,

V

Escolho continuar registrando somente o equilíbrio dos sentimentos, a tolerância e a compreensão,

Os fatos julgados objetivamente, fazer saber a quantos desta tomarem conhecimento em razão,

Gravar o tempo contando os segundos a um novo encontro, todas as esperanças de minha idade,

De forma distraída, sonhando acordado, mas só vou falar dos milhões de ensejos onde encontro a felicidade!

Amaro Larroza.