Um silêncio, de presente
De presente, o silêncio...um tempo enorme rodando por esses caminhos, sem que houvesse um sussurro...noite e dia sem o sopro das palavras, sem as certezas... sem colo e sem portas...
A vida chamando pra por o pé na estrada...o céu fechando em tons cinzas e uma noite escura...sem estrelas entrando pela janela...
Que quero eu nesse exato momento? Eu quis palavras...eu quis abraços...eu quis ombro, eu quis colo...mas findo o dia de mãos postas...em prece...quiçá é o céu, que me ouve o desatino...o que eu quis, ficou dentro das horas que se foram...e o que quero, virá sem quem eu busque...por que é meu, e em algum lugar está para mim, como eu estou para ele...
De presente o verso manchado...na minha voz rouca sobre o espelho das minhas muitas águas...derramado sobre o casto papel...
De presente, o presente pálido...rasurado...por que a razão arranha o sonho, arranha as promessas e desbota as palavras...
Não há verbos no presente, sem passado...não há verbos conjugados no presente, sem o futuro próximo, repassado, ou o presente do futuro...não há verbos sem gente e sem palavras...
A comunhão de uma só vida é reserva íntima e só se propaga no silêncio da própria alma...
e quando entorna é presente que se entrega sem reserva...
A vida grassa entre os lábios que a afirmam...e morre no apagar das luzes, pela falta de reflexo...apertada nos lábios mudos...