Pluralidade do Invisível

"O fim da evidência e da visibilidade é correspondente

ao reconhecimento da plurissignificação da realidade."

Daniel Innerarity

A cidade oculta, a manifestação de sinais inapreensíveis. E não esgotar as possibilidades de interpretar. Um cenário onde o fundo seja de novo um fundo que nos escapa, qualquer traço ao emergir do olhar para não estar presente. Ou que a presença inaugure outra verdade, sucessivamente recusar a imediatez.

A viagem desliza pelo real opaco, esclarece a ilusão da evidência. Criar a denúncia sobre as narrativas da visão insuspeita. Uma forma de expiar a transparência quando ela se revela insondável. Acreditar na névoa, nessa face recôndita que enalteça o circunstancial, a profusão do enigma.

Viajar, viajando pelo interior das representações em movimento, a revelação do desconhecido através dos instrumentos interpretativos que se renovam em cada tentativa de confissão do mundo. A clareza é uma excepção, a superfície é que deve provocar temor, torna-se urgente impor a rejeição da normalidade.

A metáfora da cidade invisível, inimaginável, não por estar deserta, mas precisamente por que ela só pode, pelos seus habitantes, ser concebida a partir do inconcebível. A planificação da cidade é um projecto arquitectónico que assenta numa lógica de suspeição.