Crítica ao Sistema Educacional Brasileiro

I - Do Caos do Ensino

Não falarei neste no sistema público de ensino, pois todos já conhecem o caos e celeuma que reina sobre este pobre ser, que ainda não entendo como vive, sendo alimentado apenas por migalhas.

Não falarei muito sobre o ensino destas instituições, pois não tenho muito conhecimento prático sobre, falarei sim sobre o sistema particular de ensino, onde tive toda minha vida estudantil.

Enganam-se aqueles que pensam que o ensino particular é perfeito, imaculado e o ideal para seus filhos. Muitas escolas não têm metade das aulas das lecionadas nas públicas, nem metade das opções que existem, como aulas de teatro, dança e afins, não que eu esteja dizendo que a pública é perfeita, no fim todas são ruins, só que na particular se paga para ter um ensino pífio.

Uma coisa que me intriga é analisar a premissa de que a sociedade evolui, e a escola continua da mesma forma que sempre foi só que com menos matérias, que não entendo o porquê de não mais serem ensinadas, como latim, economia, história do estado, filosofia e por aí vai, dizem serem cátedras inúteis, embora eu discorde com todas as forças. A meu ver inútil é ensinar função bi quadrática, ineqüações, números racionais, como se eles fossem pensantes, até hoje me pergunto o porquê de eu ter que ser obrigado a aprender sobre algo que nunca usei em toda a minha vida, e ainda dizem que a filosofia é inútil, afirmar isso é pior que um tapa na cara e um chute naquele canto.

Uma coisa que atribuem como sendo exclusiva da pública é a questão da violência, como se na particular reinasse a paz e a comunhão e todos fossem felizes, utópico sonho este, ou melhor, quimérico. Sou testemunha de muitas brigas, explosões no banheiro, alunos sendo tratados como saco de pancadas por "alunos" mais fortes e os diretores agirem como se nada estivesse ocorrendo. Eu mesmo passei por isto, tinha feito uma cirurgia de apêndice e estava ponteado, e um troglodita me deu um tapa na barriga, mesmo sabendo e vendo meu estado, findei contando ao diretor que apenas falou com ele e não fez nada, ele era para ter sido expulso do convívio social, ainda mais se tratando de uma escola de nome, e dita religiosa. E ainda dizem que escolas públicas são as únicas com esses problemas, quiçá tenha em nível mais elevado, mas a intensidade não importa mais do que o ato, já que violência é violência em todo e qualquer canto, independente de seu grau, e deve ser combatida de imediato e nunca tolerada.

Cheguei certo dia no São João a presenciar um caso que seria teratológico se não fosse real. Explodiram uma bomba dentro do banheiro, uma lata de leite Ninho cheia de pólvora, e isso em uma escola particular. Em outra escola que estudei, pelo menos no meu tempo era bem tranqüila, pois agora está cheia de "alunos" de torcidas rivais que se digladiam como gladiadores. Certo dia foi até uma viatura bater lá para averiguar o ocorrido. Não sei se ainda ocorre, mas o fato chamou a atenção por se tratar do tão respeitado ensino particular de ensino com sua pedagogia de excelência, que falarei no parágrafo infra.

Não sei como são as aulas nas instituições públicas, mas nas particulares, incluindo até de nível superior, exceto poucas aulas, onde os professores ministram aulas mais interessantes, as quais conto nos dedos; enquanto a maior parte não passa de uma pessoa com o tato de um robô regurgitando palavras sobre os alunos que devem a qualquer custa absorver o que se fala, sem dizer para que serventia aquilo terá. É como disse um grande professor meu de história "não sei para que ensinar equação aos alunos, nunca usarão isso, pelo menos nunca vi uma promoção de loja assim 'de 2x + 4y - 5= 16 por 3x + 2y - 10= 12'" concordo plenamente com ele.

A escola deveria ensinar primordialmente, principalmente a como pensar criticamente e como pensar por si só, sendo muito mais que meros peões que só dizem "sim senhor" e que abaixam a cabeça por tudo, como boa parte da população. Essa falada instituição deve nos ensinar a respeitar o próximo e a ensinar a justiça e a buscarem aquilo que querem, e não somente vomitarem conhecimentos vetustos e inúteis. Precisamos de mentes pensantes, em qualquer área do conhecimento, para assim combater a pandemia chamada "ignorância". Deve, a escola, estimular a leitura, não da forma imposta como é, onde no fim o aluno encara o livro como um fardo e uma obrigação e não como um profundo poço de conhecimento.

A escola precisa urgentemente de uma nova roupagem, assim como as faculdades. Necessita de aulas mais participativas, e não meramente expositiva, que tem como fim causar tédio e sono. Em quase cinco anos de faculdade de direito, somente agora, no nono semestre estou tendo uma aula onde o pensamento, não o crítico, ou reflexivo, mas o pensamento jurídico é aplicado, queria eu que fossem outros tipos de pensar, mas seria querer de mais, quiçá um dia isso ocorra, e espero estar encarnado quando isso acontecer.

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