DO "MODELITO" AO "LINCHAMENTO" MORAL

Tenho comigo que absolutamente nada é por acaso.

Excetuando-se o fato de que vivemos num mundo em que também é mister se criar ídolos e se fazer notícias a toque de caixa, alguns fatos pontuam a necessidade de se parar para que coloquemos o nosso discernimento, tragado por tudo quanto é intenção da mídia, no seu devido lugar.

Nesse nosso planeta globalizado, pra lá de paradoxal, nesse nosso início de século vinte e um, tão instantaneamente quanto um plug na internet, às vezes retrocedemos à era dinossaurica, aonde parece que o homem se vale apenas dos seus instintos mais baixos, para se fazer EXISTIR.

Refiro-me aqui ao que ocorreu com a universitária da UNIBAN, e a TODO O SEU ENTORNO ávido por tirar todo o proveito possível duma triste situação, aonde claramente TODOS acabam de protagonizar um REALITY SHOW dos mais lamentáveis que já vi.

Há muito tenho observado o quanto mudou o comportamento "social" do tudo que se desenrola dentro das escolas no geral, desde muito cedo.

Muitas são as vezes que não identificamos quem são os mestres quem são os alunos, e qual a conduta mais a adequada a cada um deles.

A sociedade "evoluiu" e alguns parâmetros de valores se perderam no caminho.

Caíram muitos paradigmas, mas o principal conceito que se perdeu foi o do respeito "sensu lato" ,aquele que antigamente aprendemos como cabível nas devidas horas de todos os lugares.

Obviamente que não foi um " bonito par de pernas" exposto ao acaso que criou tanta confusão. O problema é mais abaixo, vide os "bullings" que caracterizam sério distúrbio de comportamento nos ambientes escolares, a meu ver, mero espelho da violência social disseminada e descontrolada que nos atinge a todos, cuja explicação seria palco para um tratado antológico em antropo- socio- psicologia.

Ocorre que existem situações que se criam justamente porque estamos perdendo o senso do razoável.

Por exemplo: Um juíz no tribunal posta-se de toga porém numa praia o mesmo juiz provavelmente estará de sunga.

E a quem caberia discernir o que cabe melhor no visual do momento? Ao réu, ao promotor, ao seu órgão de classe, à família, ao professor de etiquetas, ou à sociedade como um todo?

Não sei responder, posto que tudo mudou tão rapidamente...

Por outro lado, numa época de BBB, nessa era da sensualidade desenfreada tida como troféu de "poder", nessa era do "tudo é permitido" muito estranho me parece que tantos jovens tenham atirado pedras apenas porque alguém resolveu caprichar na produção visual...do modelito festa.

Muito estranho que a universidade tenha optado pela expulsão da aluna sem que ao menos se tivesse usado de outras medidas administrativas para se apurar os fatos e se punir com rigor o tal do "linchamento" moral.

Muito estranho esticarem a noticia de modo que a Universidade apareça com o seu logotipo nos horários nobres de toda a mídia do país...e do mundo.

Muito estranho que até o Ministério da Educação apareça para colocar panos quentes, quando na verdade o tal problema também é de "falta crônica "da" educação...em tudo!

Penso que não vivemos num dos momento mais propícios no país para se discutir moralidade, imoralidade ou amoralidade.

Não vejo muita diferença entre o que certos políticos fazem com a Nação quando olho para as imagens de linchamento psicológico à universitária. Trata-se da mesma exposição à violência que faz suas vítimas livre e solta... imaginem se a moda pega lá em cima...

E cadê os MESMOS estudantes para defender o conceito de moralidade e respeito pelo país?

Sinto que certos conceitos estão muito confusos, e sempre é muito difícil definir o mais ou menos "certo" no meio da bagunça total.

Não há sentido sem direção.

Quanto à garota, eu sinceramente acho que deveria tirar o melhor proveito da sua história e do seu estrondoso momento de fama...a exemplo de todos os ídolos dos reality shows...

Que brilhe a sua estrela...num céu de tanta escuridão!