Entusiasmo suave.
22/11/09 "III"
O homem apaixonado compõe e complementa sua cômoda narrativa,
Articula a graça do sentimento que fica salvaguardado em lembrança ativa,
Ouve o som das cigarras quebrando silêncios, desvendando o segredo de lua,
Abraça a barra do dia nas vezes que sente a saudade fastidiosa da companhia madura,
Vê no horizonte um novo dia repontando, sorve alegrias nos olhos da sua doce amada,
Observa a saudade e a obstinação enflorada na névoa do amanhecer cuidando as plantas na manhã calada,
Assiste a geada roçando o seio das flores, e é de Deus que vem à sina florindo olhares no brilho matinal,
Pouco importa “la suerte” ou se o tempo é feio, na matiz verde dos gramados tenros o céu se debruça sobre o pastiçal,
Colhe um alento no caminho onde a lua faz morada, ao som da serenata arpejada pelos ventos,
A brisa espalha chuvas de emoção que derivam dos montes e se perdem encharcando anseios cinzentos,
A saudade parece estar na volta de quem tem um amor distante, sabe bem como que é,
Nessas manhãs de olhares ternos com a hospitalidade de alguém que serve pratas da poesia colhidas no pé,
Anda montado na sorte, sem norte sem endereço, olhando a bela embalada nos ramos da figueira,
Vida é uma gangorra intercalando silêncios com acordes naturais em uma partitura inteira,
Enquanto o destino luzia assinalando lugares comuns, arriscou tudo na sorte nesta disputa renhida,
Queria o seu contracanto na manhã já bem madura, o azar contrapõe a sorte, mas “ela” lhe protege a vida!
Amaro Larroza.