Na Canalha Solitário - II

Para variar, estou sozinho, fumando um cigarro atrás de outro, & como não poderia deixar de ser, mais abandonado que cachorro que cai de caminhão de mudança. O que me sobra, são os sonhos.

Essa volúpia de acreditar, mesmo quando todo mundo acha que você tem mais é que desistir. Mesmo que as pessoas passem a virar as costas pra você, mostrando sua repulsa. Mesmo que passem a me achar o mais idiota, dos idiotas da face do mundo. Mas, eu continuo aqui firme, que nem gelatina. É um monte de bobagens. Mas de uma forma ou outra, tem que ser registrada.

Ultimamente, voltei a estudar inglês. Afinal, tudo quanto que é filho-da-puta, está pedindo a porra do inglês. E se você não sabe, fica tomando no cu, com as portas se fechando uma atrás da outra na sua cara. E ficar desempregado é uma puta barra nesse Brasil, nesse São Paulo, ou onde quer que você esteja. Também ando estudando algumas leis, para um concurso que vou prestar em setembro. É o próprio caralho, ficar lendo essas coisas.

Dá para entender a zona que é essa propalada justiça, com tantos artigos, adendos, parágrafos, itens, etc, etc, etc, & tal.

O sujeito que chega ao posto de juiz, sinceramente merece um prêmio. Porque a coisa é sacal mesmo. O leigo, assim como eu, fica boiando, no meio de tantas minúcias. Bem, estou fazendo isso, para ver se consigo, ao menos, salvar alguma coisa, porque a situação está bem enrolada.

Como disse antes, estou praticamente abandonado. Quase sem eira, nem beira. Falta tudo. Do mais importante, a grana, até atenção, roupas, & aquelas coisinhas que você de vez em quando tem, quando sua carteira tem um puto para gastar.

Ficar na dependência dos outros, por exemplo, para tomar mais de uma cerveja, pra ir num cinema, comprar um jornal, ou uma revista, ler um livro novo, comprar um CD, comer alguma coisa diferente, & por aí vai, é um tremendo saco. Nunca gostei de depender de ninguém. Mas nos últimos 6 meses, tem sido um inferno. Até para comprar o maldito cigarro, você depende da boa vontade de alguém. E esse alguém, ainda se acha no direito de te tratar como a um lixo. Como se você fosse o maior filho-da-puta do mundo & não prestasse para porra nenhuma. Aos amigos, dos poucos que tenho, minha esperança é que alguns trabalhos apareçam, tem aparecido. Pequenas coisas, que tem amenizado a dependência. Mas é pouco. A cobrança é grande, & às vezes, sem muito cabimento. Que palavra de merda. Cabimento. Rogo sempre ao poderoso, sim eu acredito, então, como ia dizendo, rogo ao poderoso, que, tenho certeza, está sempre olhando por todos, que essa fase de merda passe logo.

Eu sei que vai passar. Aí, algumas fortes mudanças terão que ser, como posso dizer, tomadas, para que nunca mais tenha uma fase tão ruim como essa, por qual estou passando. Outro cigarro, & eu ainda nem tomei banho. São quase 9 da noite, desse agosto de contragosto, de um 98 que tinha tudo para ser muito bom. Mas quis o destino que fosse diferente. Putz, destino.

Ele às vezes, nos prega uma grande peça. E nem sempre é engraçada.

Peixão89

Na Canalha - 1998

Peixão
Enviado por Peixão em 01/12/2009
Código do texto: T1955303
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