Ocupação.
Saio pelas ruas nas noites escuras com um malicioso breu,
Sigo os rumos de um sonho bonito que agora também é meu,
Levo a “mala de garupa” para juntar os traços deixados pelo chão,
Indicativos que apontam sempre na mesma direção,
Ponho as mãos nos bolsos, sigo balançando a cabeça,
Aligeiro-me em juntar todos os rabiscos antes que o dia amanheça,
Repasso a mesma linha várias vezes para que nenhum modelo eu esqueça,
E nesta direção vou seguindo, pouco importa o que aconteça,
Ouço ao longe o cantar marcante da cotovia,
Uma serenata de afeto que há tempos eu não ouvia,
Pensei que era por sua raridade, mas eu que a noite não saía,
Mas, se eu não tinha motivos, porque o faria?
Contudo hoje, retorno ao encaminhamento da minha história,
Cato os mesmos conceitos em outra trajetória,
Vislumbro as conquistas deixadas no passado recente,
As resgato, e busco novas na combinação do presente,
Saio vagando sem ausentar-me do lugar, sem ir a lugar nenhum,
Mas não estou perdido, estou me encontrando neste ambiente de dois sendo um,
Volto ao meu pequeno espaço que, de tanto carinho, está cheio,
E reencontro minha biografia neste tempo que ainda não veio,
Parece evidente que esta é uma narrativa de um ser apaixonado,
Que absorve os prazeres da vida em cada momento encantado,
Que restaura conceitos numa grandiosa expectativa de alegria,
E se sente abençoado na antemanhã de cada novo dia!
Amaro Larroza.