Vôo do Coração

Quando deixamos que nosso coração siga livre, algo misterioso acontece, como se houvesse um encantamento, seduzindo-o em direção ao firmamento.

Inicia-se então uma aventura fascinante, que nos coloca em estado de aguda lucidez, entregues aos cuidados de nosso coração que segue fortalecido em sua dignidade, ousando buscar, sem preconceito, a essência de sua vontade.

E como é belo o coração neste momento. Reveste-se com o manto do esquecimento e movimenta-se ao ritmo do próprio vento.O desvencilhar-se das cristalizações impostas pelo tempo e pela vivência que se nos acumula parece ser produto de uma estranha alquimia, que passa a produzir efeitos intrigantes em nosso dia a dia.

Esta aventura é por si algo indescritível. Mística trajetória que ludibria as cristalizações desta dimensão, impulsionando-nos de maneira irresistível aos domínios da evolução, que é nosso destino.

Talvez a mais autêntica liberdade seja essa, expressão maior de amadurecimento de nosso espírito, que nos oportuniza o alcance do que imaginamos ser a felicidade.

Estarmos conscientes no momento em que detectamos nossas emoções, canalizarmos os sentimentos em sintonia perfeita com a amorosidade que habita nosso entorno e nos permite experimentar a paz, aquela que transcende todo entendimento, é provocar um movimento que interfere no rumo de nossa história criando uma brecha para o que é novo e inexplorado.

Quando nos deixamos viver assim, nos surpreendemos lidando com nosso cotidiano de maneira bem peculiar; driblando os obstáculos com mais serenidade, enfrentando as contrariedades com maior paciência, encarando nossas limitações com bom humor e generosa tolerância para com todos que nos cercam.

Assim, entendo que teremos uma experiência única, entre o vôo livre de nosso coração e o espaço infinito onde nossa razão atua, aliada com a interpretação que as emoções nos possibilitam.

O que nos limita, muitas vezes, não são os problemas em si, já que fazem parte da dinâmica da vida, do jogo que é a aventura de viver, o que nos prejudica é não nos atinarmos com a importância de ouvirmos o sussurrar de nosso interior. A linguagem de nossa alma é por demais delicada e suave, se nos distrairmos com o barulho da vida, não saberemos reconhecer seu chamado e por certo perderemos as melhores oportunidades, pois nosso coração sabe o que nos convém e normalmente nos sinaliza por onde devemos caminhar.

Perambular no âmbito do cotidiano ouvindo atentamente os chamados de nossos sentimentos é aceitar o desafio da mais ousada liberdade, onde pautamos as escolhas na coerência de nosso universo interior, e isso, sem dúvida alguma, é o exercício pleno do verdadeiro amor.

Priscila de Loureiro Coelho

Consultora de Desenvolvimento de Pessoas

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 25/05/2005
Código do texto: T19737