Caracteres.

Que as letras possam se unir sem constrangimentos,

Reproduzam, na soma de uma e outra, a sinfonia roca,

Na distinção de todos os conhecimentos,

A entrega perfeita das palavras proferidas pela boca,

Que não sejam apenas só ditados,

Redigidos em série sem propósito nenhum,

Que sejam as adições aos efeitos acentuados,

Originados sem cobiças em um lugar comum,

Que desnudem sem medo a beleza dos sentimentos,

Que sejam no alfarrábio da vida a indicação segura,

Desvendem os sinais de todos os elementos,

Apontem com segurança o caminho da cura,

Que as letras traduzam corretamente em qualquer idioma,

E no propósito, em qualquer tipo de grafia,

Mensagens completas com “gosto” e “aroma”,

Colocando os pontos amoldados à revelia,

Que componham palavras com duplo sentido,

Mas que só representem impreterivelmente o bem,

Sejam brandas e macias ao pé do ouvido,

Mas que possam ser usadas em um grito também,

Que a letra seja o referencial do início da frase,

Ajeitando o determinar de uma parábola inteligente,

A saída viável ainda não encontrada em uma má fase,

O alento necessário entregue de forma silente,

Que as letras, em seu apogeu, também possam ter cor,

Tenham significados progressivos mesmo estando sós,

Que possam agir rapidamente antes do sol se por,

Trazendo outros muitos gracejos para junto de nós,

E que a mesma letra, na linguagem complexa,

Possa também, nesta linhagem, ter um sinônimo,

Uma avaliação múltipla, simples, mas, desconexa,

E na formação da palavra perdida, venha a ser o antônimo,

Que as letras continuem a ser exemplos seguidos,

E que a totalidade localizada seja sempre positiva,

Que elas enalteçam, quando proferidas, todos os sentidos,

E parem imediatamente diante da palavra ofensiva,

Enfim, que as letras também componham o avesso,

Estejam em qualquer narrativa e seu esplendor,

Que determinem a trajetória desde o começo,

De todos os muitos e muitos contos de amor!

Amaro Larroza.