Porta aberta

Entra...a porta está aberta...esse meu menino coração, descuidado não aprendeu ainda trancar as portas...passa os dias com os olhares perdidos...no nada...

Há tanto espaço vazio...as paredes estão caiadas de um branco pálido, e tudo foi mudado de lugar...as jardineiras estão vazias...o inverno foi rigoroso...

Não traga bagagens...eu só preciso das palavras...dos gestos, eu só espero que tenha musicalidade na fala e goste dos silêncios cúmplices...

Quando entrar venha com os pés desnudos...a corpo livre das pesadas vestes, mas não traga a alma acorrentada...a minha também precisa da imensidão para ser inteira e completa...

Tenho preparados muitos dias azuis e noites de conversas ao pé do ouvido...na lareira o fogo crepita ao som de melodias frágeis...

Não traga seus pertences, traga a cabeça feita e a alma nua...

Não acumulo riquezas, não tenho bens, meu baú é repleto de palavras e sonhos, minhas mãos são talhadas para as descobertas...meus olhos voltados para desvendar as paixões, para apreciar gestos e ler as juras todas dos amantes...

Não juntei bagagens, não careço das coisas visíveis aos olhos, minha alma absorve amor em todas as formas para se moldar...não quero a vida além da forma natural , sem enfeites...quero a vida na fonte em que bebe pura...sem travas e censuras...tão cristalina como as minhas lágrimas diante dos seus fenômenos, seus atrativos naturais...

quero-a em mim, como me quero nela, troca generosa...amorosa...sem interferência...sem mistura...

Entra e se acomode...meu coração menino dorme...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/05/2005
Código do texto: T19936
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