Pela liberdade da alma
Não vim explicar nada...
se tudo à minha volta é diferente
do que eu imaginava...
se cá entre palavras indecorosas
a prosa não escorre confortável.
Explicar o quê e pra quê se um visgo
desconfortável açoita o meu dia a dia...
me cospe e me amarra...
Onde colo meus passos...
rasgo as palavras ...
silencio.
Escorrem por essas paredes
o ódio que fere...
uma navalha sempre afiada
espetada
na minha garganta tenta
conter o sopro de vida
que expira leve e lento....
quase calado.
A canga que pesa sobre os ombros...
verga o corpo...
os espinhos brotam
no chão...
no leito...
no prato .
Em solo árido desse deserto...
só sobram risos pálidos...
abraços travados...
desejos confiscados...
um braço duro da censura...
o delírio sem cura.
Dois mundos me têm...
o físico sem alívio...
das algemas do corpo...
que se mantém vivo pela liberdade
da alma que foge para beber
a vida no universo...