Adeus Amigão...
(Para o meu cão, Zeus)
Angélica T. Almstadter
Seu olhar percorre todo o ambiente
e pousa nos meus, marejados
seu olhar tem um grito...e uma pergunta...
Olho...e não acredito...você não vem até a mim...
me chama com o olhar pidão...em aflição...
eu me aproximo, afago-lhe...você tomba a cabeça...
aceita docilmente o meu carinho...como sempre...feliz...
Afasto-me, deixo que uma a uma as pessoas
se aproximem para matar a saudade.
De longe acompanho seu jeito dengoso com cada um...
uma demonstração de amor imenso,
vencendo as dificuldades do seu corpo frágil...
debilitado...
Seu olhar me procura...pronuncio um dos
seus apelidos carinhosamente...
e seu olhar me encontra...você meneia a
cabeça como a me indagar:
Porque não estou em casa? Que faço aqui?
...Seu olhar me queima...me dói...me afasto,
para enxugar as lágrimas...você não entende...
nem eu...estamos assim, tão próximos...
tão ligados...mas você escapa da minha vida...
Eu quis lhe abraçar muito...em silêncio,
como fiz outras tantas vezes, para que você sentisse
o pulsar do meu coração...o meu imenso amor...
mas com tantos aparatos...
só mesmo o carinho das mãos...
Impotente...vou me embora...coração apertado...
você fica...com o olhar perdido assiste eu me
afastar...faz menção de me acompanhar...
mas o corpo pende...toda a energia que tinha
guardada você gastou...com a nossa visita...
demonstrando seu amor...indagando
sobre o seu futuro...nesses olhinhos perguntadores...
Pesa-me nos ombros a responsabilidade
de decidir...o que será de ti...
nunca os dias e as noites foram tão longos...
O meu coração dói...amigão...teus olhos
rondam os meus, onde quer que eu vá...
perguntando...perguntando...
Você se foi...eu fiquei...o seu silêncio
está gritando dentro de mim...os seus olhos
ainda me olham...e os meus olhos
não conseguem esquecer os seus...perguntadores...
Até um dia, amigão...