Toca-me
Angélica T. Almstadter
Toca-me hoje, com esse olhar que me queima, toca-me para que eu te perceba, na vaga do meu dia...sem nostalgia...
Deixe que eu me perca nas lâminas desse teu olhar rutilante...afiado...sem pecado, sem amargura...
Toca-me de leve, como brisa mansa...como a mão de uma criança...toca-me sem medo, em segredo...longe do burburinho... devagarinho...
Toca-me com ternura, com doçura...sem censura...
Não importa se agora ou depois...o dia espera por nós dois, como brisas úmidas a passear pelas horas...
Espalha em mim o nardo de tua pele cálida...porque hoje estou desarmada... desarvorada...revirada...
Hoje estou encolhida na minha essência, como canção a ser escrita...volitando em notas soltas...sem rumo e sem toques, me querendo arpejar...
Toca-me insistente...como beijo adolescente,
inesperado, como carinho roubado...
Toca-me com cuidado...com carinho e malícia... com infinda carícia e delícia...
Toca-me inteira, até meu avesso...porque assim te reconheço...desde o começo...