Ah vida! Ao pé da letra!

O que seriamos sem os sentimentos? Alguém lá junto com o senhor Passado veio a me perguntar em tempos de desgastes, minha cuca veio a refletir os mais, senão singelos de todos, a melancolia, a mentira, o ódio, a desconfiança, e outros mais que me desgastavam inda mais.

Com tudo, ainda que vivo por obrigações o senhor Tempo e senhor Futuro me forçavam a convive-los, os sentimentos, com a necessidade de aceita-los e, aceita-los em respostas egoístas dentro dos egos que diziam “Acima de qualquer conquista mantenha o amor próprio” e ou “Confie na sua desconfiança”, coisas e embaraços que ao pé da letra, faziam entender as angustias que uma vida pode traçar e borrar os papeis brancos que ela concede junto a um cardápio de tintas coloridas.

As sombras dos pinceis escondiam o anjo negro, chamado talvez de Senhor Wilson ou Senhor Barratelo.

Era um mestre de cerimônias e era pálida sua presença mórbida, que acompanha todo um desgaste forjado aos que perdem o brilho e se prendem em desencantos sem nem ao menos senti-lo o encanto.

Tudo ia-se então acabando-se, todos iam-se partindo e tudo era levado dentro dos egos, punha senhor Barratelo com prazer a confiança na desconfiança inda mais, cada vez mais.

Os dias cansados e a vida num tédio temperado a sal em demasia iam-se partindo e a esperança levada sem nota do desperdício ali latejante era sacrificada com golpes sempre em seqüência paralela, pois não havia necessidade de manobras devido ao comportamento que nem aos piores assediava-me mais.

Houve então um chamado, que trouxera num dia de luz um anjo todo enfeitado, com cabelos dourados e um excesso de esplendor que diante de tudo, atrapalhado ou assustado ousou derramar cores nos papeis brancos com excesso de tinta preta.

As cores que fizeram doer os olhos trouxeram também a presença de um sentimento incomum e estranho e deixou-se em uma dor sentida e desejada. Excitava e trazia um gozo, uma vontade e um desejo de saborear a vida ao pé da letra.

Senhor Barratelo sentia o peso de suas encomendas e cansado vivia os dias adiante.

- Poderia aproveitar esse momento para afastar-me de tudo que sejas inseguro mas preciso correr o risco e talvez evitar a sina de viver arrependido.

Calado e com sorriso nos lábios era então um absurdo que reagia dentro de minha cuca, meus egos diziam “Viva rapaz!”.

Conheci então uma mulher a cura ou o veneno, responsáveis pela mudança tardia que me trouxe o sorriso e que me levaram a notar o tempo, a notar o desperdício e a ser dono de juras, as mais estranhas juras de amor.

Em dias próximos eram enterrados alguns papeis que teimavam em fazer sombra para o Senhor Barratelo, que perdido, assustado e sem asas acabava-se cego diante da luz que me libertara daquelas sombras todas.

MUTATIS
Enviado por MUTATIS em 15/01/2010
Código do texto: T2031179
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