Olhos

Quando olhei pela nesga do tempo, vi dois olhos prostrados me fitando..olhos profundos de intensa pureza se abeirando sutil da minha hospitalidade...

Quando olhei fundo no rendilhado das minhas marcas tecidas pelo tempo, um tanto ingrato...reconheci dois olhos amendoados pairando calados no esconderijo dos meus anseios...dos meus arfares apaixonados...tua marca penetrante andava por todo lado...se fazia presente sorridente também nos momentos da minha alegria...inquietamente calados...

A presença silenciosa desses olhos perscrutantes me fazendo companhia discreta...baila na minh´alma indiscreta...e assim como minh´alma aprendeu lhe render gozos, meu coração amoroso aprendeu o manter em secreto...

Olhares outros perguntadores procurarão explicação...mas nada que se possa ser acrescentado no vão das palavras...nada que possa ser tocado por mãos outras que não cabem dentro dessa pureza...

Guardo nos meus enleios todos...meus sonhos e meus quereres borbulhando pelos meus olhos atrevidos e escorrendo inteiros sem complexos nos meus versos previamente concebidos nas dunas da minha paixão...

Posto meus sonhos e desejos aturdidos para minh´alma gêmea...a minha outra metade...onde ela estiver há de ouvir os meus cânticos em forma de versos e saberá ser pra ela essa veia congesta que sempre se manifesta...

A janela do tempo me trouxe além dos olhos físicos...os olhos da alma...esses que recolhi com cuidado que só tem quem cultiva flor de rara beleza...donde se pode através do tatear amoroso recolher o nardo perfumado...em inteira contemplação pela janela da alma exposta nua...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 28/05/2005
Código do texto: T20443
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