Se me apalpo e me sinto, existo
Se me apalpo e me sinto...existo...
eu existo além das manhãs frias...
além das noites escuras...além muito
além da minha loucura...
Sinto meus braços e meus próprios abraços...
sinto meus beijos mordidos no canto dos lábios...
meus sorrisos esmaecidos...vencidos...
Sinto meus pés ligeiros...
meus ombros esquadrinhados
na moldura dos dias...e meus olhos esculpidos no entardecer...
Sinto minha voz entoando
melodias inaudíveis...sinto meus versos intangíveis... me sinto inexprimível...
Pelo que os dias pairam no ar...pelas tardes que urgem silenciosas...me deito na noite incestuosa...sem pecado e sem censura deixo que a vida me apanhe nos percalços...me revire em venturas...
Entre mim e outra metade da minha confissão...jorram rios que nem os oceanos podem conter...assim me navego quando há mansidão...mas cavalgo, se as clinas me jogam em procelas...
Tenha a vida contida nos átomos
contados da minha peregrinação...
são partículas falantes de mim...
no momento em que minha
explosão se faz...reino em fagulhas...
remida...incontida....
Me apalpo e me sinto...indiferente
aos retalhos das sombras...
me espelho nas minhas próprias visões...
a vida continua a fluir...