Ainda é cedo

Cinco

Cinco e cinco

Cinco e cinqüenta e cinco

A viagem é longa. Olho a estrada e o verde da mata encoberta pela neblina. Ainda é cedo, a cidade dorme dentro de um amanhecer que vem surgindo. Eu, solta na própria construção, despeço-me das estrelas. Acompanho o Sol despertar, clareando toda a massa do ar. Logo surgem os pingos da chuva mesclando toda a beleza de uma natureza bipolar. Incondicionada, transparente, reservada para algumas mentes. Que sentem, que se comovem com a transmissão da visão, no momento em que o olhar se encontra com a experiência de desassociar do resto do mundo. Sem controle, mergulha no azul do céu, imaginando ser as águas de um imenso mar. A face num horizonte sem promessas, recebe o dia que chega forte. Desbloqueando todas as nuvens. Limpando todos os artifícios. Retirando todos os blocos da concreta ilusão. Dispersando os sonhos em preto e branco, saídos de dentro de mim. O dia começa, no registro das letras, que move as lembranças do lugar...

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 30/01/2010
Reeditado em 30/01/2010
Código do texto: T2059629