DO TROTE CALOURO AOS VETERANOS DE GUERRA!

Que a prática da vida difere totalmente das principais teorias, inclusive das de "vanguarda uspiana", quem tem filhos EM QUALQUER IDADE, já bem o constatou.

Estamos em época de aprovação nos vestibulares e hoje a telinha levou ao ar um questionamento sobre se os pais devem ou não acompanhar seus filhos nos trotes das faculdades, e lá estava uma educadora da Universidade de São Paulo, doutora no assunto, que dizia que o trote é uma fase de passagem, como se fora as águas divisórias entre a adolescência e a fase adulta.

Ocorre que discordo em parte do que foi dito lá. Muito longe disso, com permissão.

Primeiramente percebo, de fato, que todas as teorias vão por terra quando o assunto é educação E PROTEÇÃO dos filhos.

Não existe CARTILHA ALGUMA EM LUGAR ALGUM DO MUNDO que norteie as regras definitivamente mais acertadas perante todas as variantes de dificuldades que surgem na condução dum filho NUM MUNDO COMO O NOSSO, de tantas e rápidas transformações sociais ,e me desculpem, num pais como o nosso também.

O fato é que vivemos num macrocosmo violento e a universidade é uma micro amostragem desse mundo. Dentro delas ocorre de tudo, e sendo o meio bastante heterogeneo e vasto, fica muito difícil, por mais que haja a intenção de pais reitores e educadores, se controlar disciplinarmente a aglomeração de tanta juventude, de tantos hormonios, e de tanta falta de limites que pauta a educação de hoje em dia.

Penso que chegado o espaço da universidade estamos no melhor meio para que testemos a formação que demos aos nossos filhos...bem como a força do grupo em persuadir e transformar alguns conceitos menos arraigados.

E claro, até me surpreendi quando vi filhos CONVICTAMENTE concordando com a presença dos pais no trote, pareciam assustados, embora também tenha notado que os pais que acompanham os filhos são, na maioria, os pais de fora da Capital de São Paulo.

Mas tanto sou pelo acompanhamento dos filhos que quando chegou a a minha vez...acompanhei de carteirinha...amparada pelo fato da ainda menoridade de minha filha no ato da matrícula.Que bela desculpa eu tinha! Mnha presença era compulsória. Tive que assinar a matrícula.

Trote ultimamente VIROU CASO DE POLÍCIA! E muito longe está de demarcar o limite de acesso à vida adulta, mesmo porque a adolescência nos nossos dias se prolonga a se perder de vista.

Quando vi um educador dizer que o trote vale como "introdução" do aluno no meio veterano adulto, penso sinceramente que deveria haver algo mais produtivo nesse encontro mágico, que tanto marca a vida da gente, e que jamais deveria ser coroado com violência e hostilidade.

Gostaria, pois, de fazer um alerta aos pais: Você tem filhos na universidade? Pois bem , então se prepare para ficar de cabelo em pé!- porque o trote é o de menos. É a festa menorzinha.

Há que se acompanhar de perto a dinâmica dos filhos dentro da sua vida acadêmica o que não é tarefa fácil para nenhum de nós, porque a linha demarcatória entre nossa preocupação natural e justa de pais é muito próxima daquelas que os filhos julgam como invasão da privacidade deles.Muito difícil.

NÃO DEVEMOS TER VERGONHA DE ASSUMIRMOS NOSSA PREOCUPAÇÃO DE PAIS. ELA É JUSTA, MUITO BEM ARRAZOADA E MUITO BEM PAUTADA NA NOSSA REALIDADE.

ALGUÉM PERGUNTOU: E O MICO? EU DIGO QUE QUERO A MINHA BANANA DIARIAMENTE. E DAÍ?

As festas de calouros são seguidas por...eternas festas de veteranos .

É festa que não acaba mais.Tudo é motivo de festa...a se deduzir que estudar...HOJE é REALMENTE uma festa. É festa para se combinar a próxima festa. Parece até os partidos políticos aqui no Brasil!

Sempre adorei estudar, mas na minha época...não era tão divertido assim. Ao menos eu não me lembro de ter sido...tanto!

Agora eu vivo a me perguntar:Veteranos são adultos?

Bem , se são, penso que o mundo deveras mudou muito, ou a minha geração é que foi injustamente precoce demais.

Mas eles estão certos. Nós é que perdemos o bonde da história e só nos resta como pais...rezar muito nesse mundo de hoje.

Porque ...de festa em festa a fila anda, a vida passa...e não repassa.

"Esses moços, pobres moços...ah se soubessem o que eu sei" *

O que eu sei? Que a vida adulta está bem longe de ser uma festa, e a cada novo dia, somos surpreendidos por um novo "trote', mesmo depois de velhos veteranos de guerra.

Sejam bem vindos, calouros, à festança 2010!

E feliz universidade (COM RESPONSABILIDADE) para todos.

*Esses Moços

Composição: Lupicínio Rodrigues