AINDA SOBRE O MUNDO MANGUEIRINHA

Ainda carregado, pela alimentação intermitente das informações que chegam e se fazem, a cerca do mundo que se instalou ao lado e dentro dos portais da consciência deste e de seus demais habitantes, busco para fins do entendimento pessoal e de outrem, desembaraçar, esmiuçar, talvez definir e conceituar, este Mundo ao qual chamamos Mangueirinha.

Sobre seus habitantes, formadores , articuladores e condutores non sence, cabe dispensar tempo, na tentativa de tipificá-los.

Barulhentos e articulados. Cegos defensores de posicionamentos plurais a cerca do Mundo fronteiriço e adjacente, onde a condução deste presta alguma obediência, representam classes sociais e profissionais variadas. A representação e status social que lhes engole e absorve,naquele fronteiriço mundo, que seria absolutamente Real, se este, um deserto de cores, valores, ritmos e objetivos diversos não existisse. Aqui, dilui-se, na propriedade e espaço que cada assume diante do ser que é, e do espaço articulado e conquistado, seja através da guerra de palavras que se trava a cada encontro ou da universalização deste mesmo espaço que se dá mediante a tomada de posição e subseqüente criação de blocos partidários de pensamento e opinião comum. Portanto, aquele status do outro lado, aqui representa apenas a capacidade de articulação.

Aqui somos todos escravos deste Mocambo Urbano Contemporâneo.

O modo de produção é escravista e a sociedade é filosófica.

O que produzimos é aproveitado pelo outro. Mas, principalmente por nós.

Muito é produzido aqui. Sob o chicote do capataz que representa o poder

constituído daquele mundo e que ainda não soubemos destituir. Acorrentados. Somos os escravos urbanos sob o olhar voraz do capataz. Capitão do Mato. Representado pelo Estado, pelo capital e pela alienação cultural.

O ser social deste mundo Mangueirinha, é contemplador. Através deste processo é que se torna escravo acorrentado à produção de idéias e ideais.

A contradição entre ser escravo e ao mesmo tempo contemplador, pode ser despida no fato de que, aqui, dentro de cada um manga hitman, reina uma parte do Mundo e conseqüentemente uma fração do Mocambo, que alimenta-nos de uma força que nos serve e não é uma verdade absoluta, posto que nos contradizemos. Assim, é que nos escravizamos na produção do ser que somos – Que se mostra em nossos ideais e idéias.

O ser escravo, aqui, é preciso que se entenda é ser escravo do próprio Eu, fração do Mundo mangueirinha. Ë este mundo e seu pensamento, sua crítica e autocrítica que escraviza. Este escravo, que produz acorrentado ao Mundo, produz porque contempla. Contempla porque produz, num ir e vir circular – Vicioso. Devir. Não há uma verdade aqui.

Com o olhar sobre o estudo de Marilena Chauí, sobre a verdade, publicado em “Convite a Filosofia” , é possível destacar uma afirmação pertinente a este Mundo Mangueirinha “A nossa concepção de verdade é uma síntese de três fontes: a grega, a romana e a hebraica:

GREGOS (alentheia) significava aquilo que não é escondido, que é visível

pela razão, O que é.

ROMANOS (veritas) decorria do que foi o que se corporificava na precisão do relato, no rigor, na exatidão da sua apresentação.

HEBREUS (emunah) que significa confiança, refletindo sua própria essência

cultural-histórica, a verdade era referente àquilo que será.”

Talvez aqui, sejamos a reunião em panela de barro ou na churrasqueira de todas elas. Talvez aqui a maior verdade seja mesmo – A VONTADE- como trata Emmerson. Uma verdade etílica, lisérgica, criativa, linda, musical. Verdade oriunda da intelectualidade adquirida da contemplação, da quase união e dos brindes obrigatórios com os copos gelados.

“Emunah é da mesma origem que Amém, que significa: que assim seja”. Somemos ao processo de construção de um mundo de resistência, que usa artifícios criativos de caráter rebelde e prega a revolução pacífica dos Mundos através da presença da vontade, da criatividade, do novo e da pluralidade, o que assim seja.

Os Mangas, são o fruto do Mundo mangueirinha. Um mundo com raiz, caule, galhos, folhas e fruto.

MANGA: parte do vestuário que cobre o braço; fruto comestível; ajuntamento

MANGÃO: que, ou aquele que manga muito

MANGAR: fazer caçoada, escarnecer, zombar, mangação

MANGONAR: vadiar

O Mundo Mangueirinha é a arvore, natureza e razão da existência dos Mangas – que com seu papel são o sabor que vem deste Mundo. Aqui existe um feedback racional e límpido, um processo justo. Da árvore vem o fruto que existe devido ma existência daquela, que existe para propiciar a existência da fruta.

Sylvio Neto

Sylvio Neto
Enviado por Sylvio Neto em 31/05/2005
Código do texto: T21168