E SE OS CONDENADOS PELA MORTE DA ISABELLA NÃO NÃO FOREM OS CULPADOS?

O tema da vez é a condenação do Alexandre Nardoni e da Anna Carolina Jatobá. A comoção nacional gerada pela morte da pequena Isabella precisava de um arremate dessa dimensão para aplacar um pouco a sua revolta e dor pela perda irreparável.

Como pai de uma garota de 10 anos (e de um rapaz de 14), é claro que toda essa história emociona, traz lágrimas e, sobretudo, clama por justiça.

Os acusados nunca admitiram o crime e nem teve algum depoimento de testemunha ocular. A perícia e promotoria foram hábeis no alinhavamento dos indícios, gerando elementos de plena irrefutabilidade.

O país todo torceu para que a história não tivesse um reviravolta nessa cansativa etapa final, onde a midia deitou e rolou como é de praxe nessa situação.

Também não dá para excluir, por completo, algum sentimento de pena vendo os dois saindo do Tribunal feito animais acuados, passado por uma multidão enfurecida e doida por fazer justiça com suas próprias mãos. Se os deixassem só por alguns minutos à mercê daquele povo revoltado, certamente nem a sua alma sobreviveria.

E a imagem da Isabella sorrindo, com todo o vigor dos seus 5 anos e com toda vida se preparando para cumprir seus desígneos, sendo brutalmente decepada, sem dó nem piedade, numa insana e cruel sucessão de agressões, vigora como o pano de fundo para todo esse circo, que certamente ficará cravado na nossa memória pra sempre.

Mas a condenação imposta pela Justiça não quer dizer, no meu pobre entender, que eles são culpado. OK, todos indícios escancaram que foram o pai e madrasta os autores do bárbaro crime. Os argumentos apresentados por eles foram pífios, certamente guiados pelos seus advogados. Quando olha-se a cara dos dois, com um frieza de gelar a alma, não pensa-se em outra coisa. Ainda reforçado por todo o estigma que tem a palavra madrasta, agora mais ainda, que não é (ou não deveria ser) prerrogativa de gente ruim.

Afinal, ele só existe porque a mãe biológica morreu, não tem que ser obrigatoriamente má, cruel, sádica. Existem milhares de madrastas carinhosas e dedicadas, dando com toda dignidade prosseguimento ao que foi iniciado pela mãe original.

Mas suponhamos que eles estejam falando a verdade. Que não mataram a Isabella (não quero fazer aqui apologia em favor dos dois condenados, quero apenas levantar outra hipótese).

Suponhamos que de fato apareceu lá uma outra pessoa e que tivesse feito tudo o que foi atribuido ao casal. OK, não havia tempo hábil e nem foram deixadas outras provas que reforçariam esse possibilidade.

Continuando nessa "viagem na maionese", indo até para confins meio surrealistas, imagine-se que, do nada, uma entidade ruim tenha se incorporado naquele apartamento e feito tudo aquilo, tendo mantido o casal paralisado e conseguido apagar todos detalhes da sua memória.

Poderia sugerir muitas outras possibilidades, esse cenário faz com que a minha cabeça de escritor comece a "cuspir" sucessivos caminhos que, numa visão preliminar, poderiam até vir a ser factíveis.

Certamente o recurso impetrado pelo advogado do casal não será aceito pela alçada superior e eles cumprirão suas respectivas penas em regime fechado. Pronto, a justiça foi feita.

Talvez essa história ainda tenha alguns desdobramentos ao longo desses longos anos que passarão na prisão.

Se eles estão negando o crime por conveniência ou porque de fato não têm culpa no cartório, somente o tempo irá dizer.

Novamente: como pai compartilho da raiva geral e da dor que a mãe da Isabella vai levar no coração até seu último dia de vida.

O vazio que ela está provocando em tantas vidas não será preenchido jamais.

Quem lembra da história da Escola Base, cujo proprietário foi dilacerado pela mídia e por todo o país até o momento em que descobriu-se que não tinha sido o culpado, talvez possa analisar esse cenário sórdido por outro prisma.

Se foram mesmos os culpados, que cumpram o que a lei lhes determinou como todas prerrogativas necessárias.

E se não foram os culpados?

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