MORTE: RAZÃO FINAL?!

MORTE: RAZÃO FINAL?!

DA MORTE E AS SUAS RAZÕES

Um tema que sempre nos intriga é quando se fala sobre a morte, parece que falar da morte de alguma maneira nos constrange, dá-nos um sentimento de insegurança, ou de que nos aproximaremos mais dela à medida que pensamos ou falamos, causando de qualquer forma uma angústia ou um desconforto, dentro de nós... Normalmente tentamos fugir do assunto, desviar o caminho dos pensamentos, embora o que muitas pessoas não entendem e/ou evitam compreender é que a morte de alguma maneira, faz parte da vida; e mesmo sabendo que não almejamos este encontro, vamos nos deparar com ela, até por que queiramos, ou não! no pacote do nascimento, vem completinho o passaporte para o encontro com "essa senhora", a morte. Mas naturalmente, e sem grandes considerações dificilmente quem não sente dentro de si, certo temor em pensar ou comentar sobre uma possibilidade tão real, como real é o fato de estarmos vivos, e em algum momento da vida, ela _a morte _ haverá de se tornar mais real que nosso plano de viver, do que os sonhos, esperanças, promessas e idealizações. Decerto, que não há como fugir dessa realidade, embora nos pegue sempre de surpresa e, muitas das vezes nos melhores e/ou piores momentos de nossas vidas, não manda recado, chega e pronto!? Não há tempo para se preparar as malas, avisar parentes e amigos, como se fôssemos viajar por uns tempos, ela acontece... e é sempre, a visita mais indesejada, incômoda, menos esperada! destruidora de lares no seu aspecto fúnebre, sóbrio, a trazer a tristeza no seio da família. E o momento de tristeza é indescritível, entre choros e lamentações, remorsos e dores, sei que não há uma definição plausível para tentar traduzir, distinguir tais emoções e sentimentos, na verdade nada define o sentimento de perda, e quer queiramos ou não! projetamos nossa idéia de infinitude, potencializado no conceito que temos de felicidade, liberdade, paz, amor, caridade e , esperança. Embora sejam conceitos apenas, são coisas e fatores que ganham vida e subsistência no campo da consciência, nosso pensar e agir, dentro do nosso ser, de acordo com o nosso estado de espírito, e mesmo assim, nada tem garantia de ser absoluto, para sempre... por que tudo passa... o tempo passa... e de uma maneira espantosa! E, ainda apostamos na lentidão das coisas, quando há muito que vamos ficando para trás, sendo superados por uma série de eventos, contratempos, avalanches de problemas, dificuldades e desafios no dia-a-dia.

Sei que a morte, também é um estado, estado de não-existência, mais considerando que antes de vir ao mundo, antes de nascer, o que éramos, se julgamos ser alguma coisa agora, nessa roda-viva, entre solavancos, encontros e desencontros, felizes e infelizes, à proporção ou à mercê, muitas da vezes porque somos colocados em tal situação, ou pelos nossos próprios interesses, rotinas, contratos, pactos, circunstâncias e eventos alheios à nossa vontade, ou não!? dependendo do ponto vista, da maneira como conduzimos as coisas, mesmo considerando que não podemos prever, ou melhor, discernir. Todavia, entre o certo e o errado, normalmente estamos sempre diante de grandes e pequenas escolhas, e nossas opções acabam promovendo nem sempre a vitória a nosso favor, mas a vida é assim entre altos e baixos, erros e acertos. Considerando que tem situações que constumam ser irreversíveis, uma vez que o cristal se parte, mesmo que juntemos os pedacinhos, nunca haverá de ser o mesmo, embora ocorram milagres...

O tempo se encarrega de fazer com que nos tornemos seres melhores, à medida que procuremos promover essa melhora, da mesma maneira quando se intenciona o mal, em tudo que se faz e se predestina executar. Acredito, que ninguém seja bom e mau o tempo inteiro, há uma série de coisas a serem conjecturadas, postas em evidência, para tal análise, no momento, vou me ater pura e simplesmente, a dizer que temos tanto a capacidade para uma coisa e outra, a graduação, a proporção, a motivação e outros fatores, é que trará uma melhor definição acerca das atitudes e manifestações humanas. Decerto, que o ser humano é uma caixinha de surpresa, por exemplo, uma pessoa falar que é incapaz de matar... até uma barata. Mas por circunstâncias outras, num momento de tensão, numa luta com um assaltante, em legítima defesa pode cometer uma crime, um assassinato, mesmo considerando que seja doloso. Doutra forma, dirigindo na estrada, mesmo em velocidade compátivel alguém atravessasse e ocorresse um atropelamento seguido de morte, mesmo considerando que o atropelado fora imprudente, o fato em si, é que matou-se alguém, ou um animal desavisado, que atravessou a pista. Não há como fugir à realidade das coisas são nuas e cruas, não há como enfeitar a morte, ela é imperdoável, indiferente, fria... como havia dito, "essa senhora" cumpre bem o seu papel, funcionária exemplar, não brinca em serviço, é certeira quando vem executar a sua missão, eh! não leva ninguém por engano, mesmo que pensemos que ocorra, pois quando ocorre livramentos são caminhos que somente Deus decide, o que a isenta de não ser eficaz. Embora, o homem tem por hábito julgar-se senhor de si, muitas das vezes, coloca seu destino à prova, em suas próprias mãos, mesmo considerando o desequilíbrio, a desestabilidade emocional, momento de loucura ou plena convicção daquilo que intenciona, ao puxar o gatinho dum revolver contra alguém, ou contra si mesmo, normalmente e na maioria das vezes em sã consciência! se por precipitação, ou não! se no estrito cumprimento do dever, ou legítima defesa, ficará a cargo dos Tribunais, das decisões em juízo que a posteriori dará a sentença adequada, o mérito que está sendo mencionado, é que o homem em plenas faculdades mentais, de forma alguma pela lei de Deus e dos homens, poderá dizer-se no mínimo ingênuo, isento de culpa pelos seus atos, que de alguma forma ou circunstância, agindo pensada ou impensadamente, cometeu um crime. Podendo é claro... haver desdobramentos ocorridos nos eventos anteriores ao fato, que promoveu tal incidente e, mesmo ao longo do processo que se desencadeará, absolver o réu, ou atribuir-lhe a culpa e a possível condenação.

Decerto, que não há como isentar o homem da culpa e dos erros ao longo da história da humanidade, ele sempre será o anti-herói, aquele que crucifica e se crucifica, aquele que lava as mãos ante a sua própria impotência, de não poder tomar a decisão mais sábia, ou agir por omissão, quando o vento não sopra a seu favor, e ante o bem que se quer, mas nem sempre o faz, quando muitas das vezes esse bem que se vislumbra deixa transparecer lacunas, dúvidas, pactos, contratos e conveniências em prol daquilo que melhor convier aos interesses comuns, muitas das vezes escusos, pois o homem pela sua limitação e pequenez, dificilmente transpõe "esses valores antagônicos" por achar que não haverá benefício algum, para livre e plenamente amar e ajudar "o próximo" como a si mesmo, mesmo quando se diz agindo com atitudes de boa-fé, sempre estará desconfiando mais de si mesmo, que dos outros acerca daquilo que cria em torno de si. Pois, dentre tantos exemplos e ilustrações, acerca da boa ou má fé, podemos trazer à baila, um caso comum de alguém que pede dinheiro emprestado, é aparentemente bom que empresta, e é bom no momento, para quem recebe, mas a cobrança dos juros haverá de ser uma coisa boa ou má?! há uma passagem acerca dum jovem rico, citado num dos livros da Bíblia, Evangelho segundo Marcos cap.10:17 que diz: "E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra teu pai e tua mãe. Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude. E Jesus, fitando-o, o amou e disse: só uma coisa te falta: vai, vende tudo que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então,vem e segue-me. Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades." Outrossim, a pergunta fica para nós, estamos dispostos a pagar esse preço, da renúncia, do desprendimento, acumulando coisas que não passam de apropriação indébita, porque estamos aqui, pura e simplesmente de passagem, somos peregrinos em nossa própria terra, ninguém ficará para a semente, e o retorno ao pó(cinzas) é um fato, como fato e realidade é a morte, que nos arranca da vida num abrir e piscar de olho. E, interessante na ilustração bíblica, é a resposta dada ao jovem rico, vai, vende tudo que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem segue-me. Se esta questão fosse colocada para nós, no mínimo ficaríamos constrangidos, e é bem provável, que como aquele jovem ficaríamos também tristes, por estarmos presos "às nossas coisas", e que julgamos ter levado muito tempo para construir, somar. Provável seria, que nos retiraríamos igualmente... ou na melhor das hipóteses, venderíamos tudo, mas será que daríamos ao pobres?!

Renúncia, palavra que nos custa tão caro, colocá-la em prática, vivê-la plenamente... mas à medida que o tempo vai passando, à medida que algumas vaidades vão ficando pelo caminho, é possível, que agora menos materialistas, através de perdas e danos, todavia menos acúmulo e ostentação, voluntária ou involuntariamente, e sem percebermos nos damos conta que como toda natureza, que algo fica no caminho, que o ciclo da vida vai se dando através de doação, que muitas das vezes, nos rendemos a uma lógica contrária à nossa vontade, de que tem que se perder para ganhar mais à frente, conforme a natureza nos ensina, em sua eterna doação. De fato, ao virmos ao mundo seguimos para esta grande renúncia da vida a cada instante, e independente da vontade humana, doutra forma, se nasce para a morte, viver é morrer a cada instante, parece um pouco paradoxal, enigmático, ou que esteja sendo radical demais, todavia estamos sujeitos a tempo, espaço e circunstância, e querendo ou não, somos seres limitados, subordinados à nossa própria finitude. Mesmo que possamos pensar diferente, nada poderá a priori mudar a nossa condição, e diante do exposto nascemos para tal destino; e sem que saibamos, ou tenhamos consciência do tempo de cada um de nós, é o tempo em que de alguma forma vamos deixar de existir, o que muitas das vezes ocorre de maneira prematura, quando não! vemos e percebemos que a cada dia, há um desprendimento, como tudo a nossa volta se desfaz e se transforma (folhas e cabelos que caem, flores que fenecem, dentes que ficam cariados, peles que se ressecam e se enrugam, células que vão morrendo). Percebemos que mudamos a cada dia e que a cada dia somos menos nós, do que ontem éramos, ao me deparar com a fotografia que tirei há 10 ou 15 anos atrás, sempre tenho uma surpresa diferente, e percebo que para se perceber tais mudanças nem se precisa de tanto tempo assim, porque a velhice é um fato constante, a decrepitude chega em nossas vidas, e independente dela, a morte bate à porta.

E, assim constatamos que já não somos aqueles jovens, belos e vigorosos como pensávamos, que fôssemos ainda, vemos que o tempo passou para a gente, como tudo passa, tudo muda, sim! ficamos velhos...Longe de achar que velhice seja sinal de doença, sinal de que estamos acelerando a chegada da morte física, bom é que saibamos como envelhecer, sem tantos grilos, sem tantos traumas e crises existenciais, solitários velhinhos num asilo, esperando aquela "senhora" visitar a qualquer hora, a qualquer instante. Errôneo, admitir a idéia de velhice como prenúncio da morte, acredito que seja um conceito, no mínimo distante de uma visão bem apreciada, quer seja psicológica ou ontológicamente falando, pois não é o relógio do tempo que determina a falência da vida, e o fato de uma coisa durar ou não, tem na sua própria diversidade várias interpretações, do que podemos considerar a permanência ou impermanência de algo, objeto, ser, pessoa. Por exemplo, um fruto de uma árvore, que cresceu, amadureceu, e foi colhido ou caiu maduro do galho da árvore, quer tenha sido colhido ou não! não deixou de ser fruto, mesmo quando o colhemos e o saboreamos, o cair do pé e apodrecer, fruto é... embora na forma que antes havia deixou de ser fisícamente perceptível, em cuja aparência poderíamos conceituá-lo como tal, mas ao cair no chão, sua semente, dará vida e forma ao mesmo fruto (seguindo o processo natural), e ao ser degustado veio a ser vida em nós, ou seja, nos alimenta, alimenta nossas células, nosso organismo. E, o que diríamos de uma rosa?! diríamos que a rosa é plena dentro da sua própria existência, e a longa ou curta duração de sua vida, é o tempo preciso que ela precisa para sua existência, se surgiu hoje, para ser arrebatada amanhã, por uma tempestade, ou alguém que a arranque do roseiral, e em virtude disto, vem a padecer... não deixou de ser mais ou menos rosa, nem por isto, deixou de ganhar existência, dizer que vida não teve nem foi. Da mesma forma, uma barata, que passou perto de nossos pés, e achamos no direito de tirar sua existência, sua vida, que pode garantir que a vida dela é mais ou menos importante que a nossa, em que escala de valores estamos, por sermos melhores ou piores que qualquer outro ser que exista?! Talvez... R. Descartes, poderia me dar essa resposta em sua tese: "Penso, logo, existo". A pergunta ontológica é... a existência precede a essência, ou a essência a existência, se considerarmos os seres humanos, que a partir da sua genealogia, sua criação e/ou surgimento, onde nos encaixaríamos, se na existência, certamente... certamente penso, à medida que passo a existir, logo, existo, logo penso! Mas se Deus existe, a precedência, entre uma coisa e outra, nos confunde, presumo que a essência de Deus, é tão comum quanto a sua própria existência, então não podemos traçar nenhum paralelo, conjecturar algo que não compreendemos, esbarramos mais uma vez na nossa pequenez humana, e tal questão se arrasta ao longo da história da humanidade, em que grandes pensadores discursaram, teorizaram, conjecturaram. E, ainda continuam se digladiando com infinitas questões metafísicas e teológicas. Todavia, acredito que como num sono quando sonhamos, faz-nos crer que aquele sonhos são reais, e será que ainda não estamos sonhando.

Outrossim, de acordo com o que foi exposto, a sequência da existência, poderíamos enquadrar da seguinte maneira, quebrando alguns paradigmas e preconceitos, nascemos e vivemos, onde nascer crescer, desenvolver, amadurecer e envelhecer, e outra qualquer consideração, seja pura e simplesmente convenção para validarmos a experiência do ser orgânico, portanto, vivo! muito embora... se ficarmos traçando paralelos de que a velhice é algo ruim, sinônimo de doença e morte, já estaríamos condenados à morte, desde o nosso próprio nascituro, pois ao longo de nossa vida (existência) somos acometidos de vários infortúnios, presságios e adversidades, que nos sujeita a sofrer padecimentos, por várias circunstâncias e fatores, alheios à nossa própria vontade, e um desses fatores é a doença, quer seja por falta de precaução ou não...? somos acometidos por humores e mal-humores, auto e baixa estima, conceitos e preconceitos, ilusões e desilusões, amores e desamores, felicidades e infelicidades, e, entre a paz e a guerra em meio a essa avalanche que muitas das vezes estamos predestinados a passar de uma maneira ou de outra, estamos sempre à prova, e muitas das vezes, de nós mesmos, momento em que temos que nos superar para vencer os desafios da vida. Sei que no relógio do tempo, o tempo que vivemos, limitados a considerar as coisas entre o que nos conforta ou não, traz segurança ou insegurança, pode-se viver e morrer jovem, sendo jovem, feliz e saudável, ou doente, como pode-se viver igualmente velho, feliz e saudável, ou doente, não há relação de grau entre uma coisa e outra, a diferença é que em relação de um para o outro, as marcas do tempo é que dá a devida medida. Há jovens que vivem a toda velocidade, quer seja por entusiasmo, precipitação e excessos, se auto-destroem, doutra maneira há pessoas idosas que vivem uma velhice tranqüila, bem aventurada.Não existe uma regra, porque a vida não é uma ciência exata, nela há percalços, declives, nuances e riscos, aventura e desventura, de infortúnios, saldo positivo ou negativo, pois viver é sempre esperar menos do que podemos receber, diante de tudo aquilo que nem sempre vem por respostas julgadas positivas, viver é um ato de surpresa, expectativa de relacionamentos felizes e infelizes, mas estar diante da maior expectativa da aproximação da morte, é o que mais nos assusta, e muitas das vezes passamos e vivenciamos, o sentimento de perda, quer seja quando estamos num velório, ou temos tempo de fazer uma reflexão num leito de hospital acerca da possibilidade de que podemos deixar de existir ao ser submetido a uma cirurgia de risco, ou mesmo por um acidente, incidente ou fatalidade no curso da nossa vida. Sabemos sim, que temos um compromisso com a vida, em nos mantermos saudáveis e felizes, na medida do possível, não esquecendo que carecemos da graça de Deus, Senhor da vida e da morte. E, somente Ele poderá nos garantir, se alcançaremos uma outra existência sem tantas dores e temores, mas cabe a nós... procurarmos viver bem, procurar a cada dia buscar sentido inestimável na vida e pela vida, independente da morte e das suas razões.

Rio, em 04 abr 09

Denílson Marques

DA CELEBRAÇÃO DA VIDA

O ato de nascer é a própria celebração da vida, a concepção e a gestação, são milagres, e desde que nascemos já podemos nos dizer ser vitorioso, feito aquele que chega em primeiro lugar, o pódium, considerando que somente um espermatozóide atinge o óvulo, num momento fértil e oportuno, para ser fecundado, em meio a tantos outros, tantos obstáculos e desafios, na corrida da vida. De maneira tal, que nesse processo se dá o nosso nascimento, portanto a existência do ser humano. Assim, ocorre o milagre e a celebração da vida, motivo de festa, pelo qual a vida vem a ser o bem maior, e causa por que não temos o direito de sequer pensar tirá-la de alguém, mesmo doutro ser, ou nossa própria vida, até porque não nascemos porque queremos, não é segundo a nossa vontade. Digo, não temos direito de tirar a vida, mesmo a nossa própria, até porque não somos nós que damos a vida, por mais que seja promovida por nós, por consentimento mútuo, pela vontade de dois seres que num dado momento se relacionaram, se amaram e cooperaram para a existência a outro ser – eis aí o propósito da natureza, na procriação e preservação da espécie, não obstante com a permissão do Criador que oportunizou a vinda, ou não. Há pessoas, filhos, que num dado momento são bem enfáticas ao dizer, que não pediram para nascer, num momento de rebeldia, desabafo, ira e insatisfação. Devemos, nós pais, ser tolerantes, com filhos que agem e adotam tal comportamento, perdoá-los porque eles não sabem o que falam. E ao deixarmos que o tempo se encarregue de trazer-lhes melhor juízo, verão que nascer é o grande espetáculo da vida, quando a mãe dá à luz, a uma criança, não há poesia que melhor traduza esse momento, não há sinfonia, obra de arte que defina o nascituro. E o filho que assim disse algo desta natureza, verá o quanto foi para si, viver, relacionar-se, amar e ser amado, desfrutando da existência humana, cujo dom é Deus que nos dá e proporciona, que nos vocacionou a sermos Sua imagem e semelhança, que deu ao primeiro casal que formara no Jardim do Éden, com amor e carinho, dando o Seu próprio fôlego, o fôlego da vida. E, vemos quando nasce uma criança e o médico dá as primeiras palmadinhas, o bebezinho dar o seu primeiro choro, seu fôlego expandindo pelo ambiente, com força e vontade de quem despertou para o milagre da vida, interagindo com a mãe, a natureza, o Cosmo.

A existência do homem proporciona-lhe desfrutar de todo projeto da Criação, e o papel que ele ocupa é de suma importância, numa escala de valores que nem ele imagina, entre receios, motivos e razões existenciais, a missão dentro deste contexto, cenário e complexo universos de coisas que vivencia e vivenciará, todavia, temos cada um uma missão a cumprir, missão que nos possibilita um encontro conosco mesmo, que faz com que possamos nos auto-conhecer, principalmente acerca da nossa existência, da criação das coisas e dos seres, e não há nada que seja tão deslumbrante! Ainda mais quando descobrimos que a missão de cada ser humano desemboca numa palavrinha chave, chamada amor – amar e ser amado, se possível de uma maneira incondicional.

Amor? – a pergunta mais enigmática da vida, não seria acerca da questão da hora fatídica da morte, mas como e quem inventou o amor. Amor que não é inércia, inventário de palavras, mas é dinâmico, que proporciona a vida um combustível sempre novo, dando força, saúde e inovação. Amor que não somente nos possibilita existir, mas permanecer...quando em algum momento por muito amar, normalmente por consentimento de ambas as partes, houve uma união, momento em que a libido aguça no ato amoroso, da relação sexual, momento precípuo na intimidade do casal, e dos que se acasalam, como se tudo promovesse para o acontecimento daquele instante, mesmo sabendo que o amor é muito mais amplo, e a sua plenitude é o amor ágape, o amor supremo, amor de Deus. Enfim, nos relacionamos, e a proporção do afeto, das emoções e sentidos varia de grau em grau, de momento a momento, onde cada um traça seu ritmo no próprio ritmo de viver e ser feliz, de amar e fazer amor.

Outrossim, sabemos que há casos, que não se vê poesia nenhuma, diante de uma súbita violência, um estupro, que tem a probabilidade de um nascimento de uma criança, diria, indesejado o nascimento desse ser, não o fato da criança ser indesejada. Mas ocorre infelizmente, inúmeros casos e aberrações, que quer seja por decisão judicial, ou de maneira clandestina é feito o aborto, considerando de qualquer forma um crime quanto a vida, de um pequeno ser que está sendo gerado. Todavia, são situações vigentes, lamentáveis, mas reais! Embora, mesmo assim, não nos dá direito de ceifar uma vida, mesmo em tais circunstâncias, no mínimo constrangedora, reconhecendo sempre que a vida deve ser preservada, celebrada, conforme mencionei anteriormente, que a vida é um dom de Deus.

Rio, em 06 abr 09

denymarques
Enviado por denymarques em 31/03/2010
Código do texto: T2169480