ENGANO (II) - As cinco ilusões do amor

Pensei que amar bastasse...
Engano-me nesta doce ilusão e nas promessas mal feitas.
Engano a mim somente. Mais ninguém.
Se amar basta, porque te espero?
Porque te quero mais e vivo por este querer?
Adormeço sozinha aos prantos. Acordo só. Estática.
Meus dias fazem-se demorados e tenebrosos como as histórias mal contadas e os sonhos mal vividos.
As vezes você se aproxima, silencia e se afasta.
Você contagia, ilumina, apaga.
E eu que pensei que amar bastasse...
Mas não basta seu “boa noite” e suas gentilezas necessárias.
Não basta seus sorrisos e os instantes roubados por eles.
Não basta estar contigo, pois mesmo assim corro perigo.
E não há possibilidades. Nem posso ser seu amigo!
Não basta, pois seu “boa noite” é adeus...
Suas gentilezas são dons seus.
Seus sorrisos não são meus!
Agora eu sei que amar não basta...
Não basta estar por perto e sentir seu cheiro pairando no ar.
Não basta dividir o mesmo espaço e a mesma rima de palavras.
Não basta mais ver você ali tão perto e tão distante.
Por um instante, nada basta!
Nem sua existência.
Nem a minha.


Nota da autora: aguardem.

Carmen Locatelli
Enviado por Carmen Locatelli em 08/04/2010
Reeditado em 08/04/2010
Código do texto: T2184817
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