No escuro da viela - idéia

No escuro da viela, cortou o pescoço de mais um prisioneiro do tempo e o revolucionário louco, sentiu seu plano quase completo. Possuía inteligência suficiente para jamais pagar pelos seus crimes, e suas causas ele julgava tão nobres. Para aquela vitima o golpe foi certeiro e poético, não sentiu muita dor.. apenas a fria lamina da faca acertando seu pescoço e percorrendo criminosamente o caminho inverso da sua vida. Riscou com a ponta da faca no peito da trigésima segunda vitima, “Livre” e correu com seu longo sobretudo preto para onde as luzes da noite eram incapazes de o observar. Levantou o chapéu para cumprimentar um senhor que passava, foi um verdadeiro ‘gentleman’ inglês, porém observava a sua volta e também o trajeto do idoso... “arriscado demais” julgou ao ouvir sirenes assustadas chegando cada vez mais perto. Sabia que a noite recém começara, e o tempo corria apressado naquela grande cidade apressada, mas tinha um compromisso decisivo nas próximas horas, era uma reunião urgente com seu grupo de seguidores, que juntos totalizavam já 132 mortes. Apanhou um táxi com imensa calma, e sem olhar nos olhos do motorista, falou num tom quase cavernoso o endereço, que lógico, não era exatamente no seu ponto de encontro. Precisou ainda, após descer do táxi, se movimentar por uma escada suja e mal cuidada.. entrou na porta que se escondia entre a sujeira e as latas de lixo e encontrou seus fiéis seguidores, todos de trajes impecáveis com imenso bom gosto e requinte. A reunião logo começou e planos assustadores foram colocados em pauta...

“É o surgimento das grandes construções que me assustam, pessoas vivendo empilhadas umas sobre as outras, e essa pressa! Ah, essa pressa! Parece que todos esqueceram suas vidas, seus prazeres.. a verdadeira liberdade esta na morte, acreditamos na morte como libertação de uma vida caótica e infeliz. Buscaremos seguidores, mataremos em nome da Sociedade que criamos, seremos os novos Deuses do Paraíso que estamos criando.. com nossas próprias mãos..”, com essas palavras, iniciou-se a palestra sobre o destino da humanidade, e com os homens que estavam dispostos a matar para serem felizes de algum modo. Em algum lugar..

Reny Moriarty
Enviado por Reny Moriarty em 16/04/2010
Código do texto: T2201122
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