Literatura Infantil & Filosofia
 
                                                          "Pensar sem apreender nos torna ineficientes: 
                                                                            aprender sem pensar é um desastre
". 

                                                                                                       (Confúcio / 551-479 a.C)
 


               A literatura Infantil, na construção do pensar, pode ser uma alternativa para o despertar filosófico. Clássicos da literatura como O Pequeno Príncipe, Alice no país das Maravilhas, as Fábulas de Esopo e outros como Ei, Tem Alguém Ai?,  Mania de Explicação, etc., constituem-se, dentre  tantos outros, leituras que servem para reflexão, além de despertar o amor ao conhecimento e o senso crítico. 

               Infelizmente o que observamos é um grande desinteresse pela literatura: seja ela infantil ou literatura brasileira – obrigatória no ensino médio. É preocupante saber que em vez de ler as obras os alunos "decoram" resumos dos romances  para com esse "conhecimento" enfrentarem o vestibular. Por outro lado, a tecnologia contribui para esse processo de “deformação”, oferecendo resumos fáceis de ler e com as informações necessárias para garantir os "acertos" nas provas.

               Um caminho para tentar reverter este quadro seria o incentivo da leitura nas séries iniciais. Não como algo obrigatório, mas como uma atividade prazerosa. A utilização de livros de literatura para esse processo de aprendizagem-reflexão encontra-se justamente na literatura infantil. Muitas vezes, o trabalho com esta literatura é boicotado nas escolas. Então, o que observamos a posteriori, nada mais é do que a idéia de livro seja acerca dos livros utilizados em sala de aula: Matemática, Física, Biologia, Geografia, etc. O aluno muitas vezes nem sabe que aquele compêndio de informações, partiu de trabalhos originais oriundos da literatura mundial. Por exemplo, basta abrir um livro didático de filosofia e observar como é possível trabalhar um determinado assunto, comum para vários autores, ao longo de um milênio.

               A literatura emprega um caráter social na constituição dos assuntos. Exemplifica características particulares da sociedade em seu desenvolvimento, época e personagens. Transmite uma mensagem que pode ser compreensível, mas também uma mensagem que exige a habilidade do pensar. Esses dois modos de "transmissão" podem servir de laço entre a construção do pensar filosófico a partir da literatura infantil.
É importante destacar que, embora sejam clássicos da literatura infantil, os livros citados exigem certa maturidade do leitor para que sua real mensagem seja captada. Por isso é importante que este trabalho entre educador-aluno, ou outro adulto, seja consolidado a partir do tratar maduro frente o infantil, promovendo o debate, seja em sala de aula ou na família.

               Esse processo de desenvolvimento da aprendizagem, onde o pensamento é um instrumento na construção da identidade pessoal, deve ser permeado pela confiança entre a criança e o educador infantil, gerado no grande elo da comunicação, elemento chave no processo Ensino/Aprendizagem. Nesse sentido a construção da identidade pessoal e a solicitação através da palavra devem ser intenções do projeto pedagógico realizado por parte do educador, através de seu “estar inserido na realidade infantil”. Para tanto ele precisa estar atento, desenvolver sua capacidade de escuta e articulação com a experiência infantil - uma total sensibilidade pedagógica, dando atenção não somente aos resultados, mas, principalmente ao produto do próprio “fazer” com as crianças, tornando o processo significativo, sabendo esperar e alternar com flexibilidade a proposta de construção de um ser pensante e reflexivo. 

               Estamos vivendo um momento histórico na área da Educação e, por conseqüência, velhos paradigmas começam a ser repensados. A Educação Infantil é a grande porta para construir caminhos. E a literatura, sem dúvida, um grande suporte. Nesse contexto a Filosofia se configura como o conhecimento capaz de dar a fundamentação a esse agir pedagógico, a ser a luz neste caminho em busca de leitores críticos e construtores de uma nova realidade social. 

                       
                                
                                        "Um País se Faz com Homens e livros"
                                                               (Monteiro Lobato)




 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 18/04/2010
Reeditado em 19/11/2018
Código do texto: T2204746
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