Olhando pela fresta

Do lado de fora parece que tudo se move,

há luz e sorrisos molhados de suor...há o ganhar chão e pão com tanta ansiedade...

Aqui parece tudo parado, as paredes são pálidas, a chuva nunca me molha os pés...

Lá fora a luz está por todos os lados, mesmo quando é noite, há luares, bares com cantorias, uma relva verdinha pra se deitar e contar estrelas...praças cheias de crianças, árvores por todos os lados...barulho de gente...cheiro de gente, e muita liquidação cheia de cartaz...

Não ouço faz tempo o som do telefone, nem sei se reconheço como é o gosto de um beijo...

Queria pular ondas e rolar na areia, pra sentir o gosto mar novamente...mas nem sei se de repente queria mesmo salgar o meu corpo, talvez eu fique enjoada outra vez...

Lá fora parece que tem sempre uma festa pra ir, uma viagem pra fazer...lá fora sim vale a pena botar roupa nova...um salto bem extravagante...as pessoas olham e até comentam...

Eu já conheço cada palmo desse miserável chão...essa pouca luz que mal alumia pra eu ler...cansei do som martelado dessa voz que me chama todos os dias... Eu ouço as buzinas...mas nunca são pra mim...eu ouço músicas e meus dedos tamborilam...meu corpo balança...mas ninguém me conduz pra pista...

Cansei dessa fresta que não me deixa esticar os braços para outros abraços...gastei o chão sob meus pés e desaprendi como andar...

Deito-me todos os dias pensando que dormir é a melhor fuga...mas não durmo, porque dentro de mim a vida agitada grita tanto que quer voar...então mergulho em mim...e vou viver a minha liberdade...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/06/2005
Código do texto: T22288
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