Violência ( homenagem as mulheres)

Como te acusar de violência, se não tenho hematomas para exibir...se tenho a pele limpa

e nenhuma fissura ou vergão?

Como explicar essa prisão, se não se pode

ver as grades?

Não ando atada, nem tenho algemas nas mãos,

mas quem pode garantir que sou livre?

O assalto dos pensamentos, o estupro da individualidade e a violação da intimidade

não é visível aos olhos dos passantes...

A intimidação, a coação a ameaça velada

te garante a supremacia de macho, mas não te dá

o lugar de homem no meu coração;

esse ato canalha e boçal não deixa pistas...

e põe um brilho sarcástico no teu olhar...

O quanto ainda passas por perpetuador da espécie, senhor, amo e soberano enquanto mantém tua vítima aprisionada ao medo...

Teus direitos sempre são sagrados, só eu não posso ir e vir sem pedir consentimento...

Simulas como cansaço a tua indolência, como mero esquecimento a tua negligência...enquanto

um esquecimento meu vira motivo de punição...

O meu direito de pensar e decidir é considerado rebeldia, só a ti o direito de expor pensamentos

e decisões...

O que me sobra senão o segundo plano?

Os nãos são todos privilégios teus, e os meus sins deve ser sempre ao teu favor...

Que mundo é esse que te dá direitos e a mim deveres?

Comunhão ou privação de individualidade?

Casamento ou título de propriedade?

Amor ou posse?

Violência sussurrada atrás da porta,

em doses pensadas e meticulosamente estudadas...essa que não te acusa, por falta de provas...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/06/2005
Código do texto: T22305
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