SÓ
Ele mexeu, virou e revirou
No seu baú de lembranças.
Palavras de afeto, que jamais falou
Nem tampouco esperança.
Gestos de carinho,
Jamais havia sentido,
Tornou-se solitário, sozinho
Nem sequer um amigo.
Caiu em si,
E viu que tudo que havia construído.
Nesta árdua e dura vida.
Não era nada.
Nunca havia demonstrado amor,
Carinho, afeto, ternura
E ao fechar o baú do dessabor,
Só lhe restava amarguras.
O tempo já havia passado,
E era muito tarde para sentir tudo isto,
Com o semblante sofrido,
Olhou para o lado e viu-se só,
Solitário.
Olhou para o lado
E não viu ninguém,
E com uma única lágrima no rosto,
Fechou os olhos e agonizou
Solitariamente,
Em um leito de hospital,
Junto com os indigentes,
Nem sequer ao seu lado,
Um único por mais insignificante que fosse
Amigo, parente.
Luciano Teixeira