A VIOLÊNCIA E O MEDO!

A VIOLÊNCIA E O MEDO! Ensaio sobre a civilização e o Brasil

O homem convive com a violência, desde tempos imemoriais e é considerado o único animal - ‘predador da sua própria espécie’!

Ao iniciar este ensaio, gostaria de confessar que tudo que li e leio sobre violência, traz, em sua raiz, alguns elementos que estão presentes, a qualquer tempo, na vida do Homem.

Entre os principais elementos estudados, destacam-se: PODER - FAMÍLIA – RELIGIÃO – CULTURA – ESCOLA – DROGAS – CONSUMISMO – FALTA DE PERSPECTIVAS - IMPUNIDADE.

PODER

Desde o início da civilização, a preponderância de um indivíduo sobre o outro, trouxe problemas de relacionamento social que levaram os seres humanos a se atacarem, internamente, em suas primitivas sociedades, tribos, etc e, posteriormente, a atacarem seus vizinhos (habitantes de outras tribos, de outros países), visando o poder.

E o poder é o maior desafio do homem. Dele, nasce a CORRUPÇÃO, cuja invenção está intimamente ligada ao próprio exercício, bem como à manutenção do Poder.

Não desejamos ser mais prolixos quanto à relação entre o Poder e a VIOLÊNCIA, que é o foco deste nosso ensaio. Teremos outras oportunidades para discutir mais sobre o PODER, que tem criado mitos e monstros, além de ceifar vidas, destruir importantes culturas e civilizações, desde momentos muito antigos, passando pelas culturas egípcia, hebraica, suméria, grega, romana, até o advento do Cristianismo e os dias atuais.

FAMÍLIA

Desde os primórdios, o homem passou a preocupar-se com a Família; e macho e fêmea, a depender da cultura de cada grupo, trabalhavam de forma rudimentar para prover sua ‘casa’ de alimentos e bens que lhes eram necessários à sobrevivência. Desde então, a criança obedecia cegamente à orientação materno/paternal.

E o homem (refiro-me ao homem e à mulher) passou a perceber a necessidade de cultuar o espírito. Com sua evolução, sentindo-se superior aos animais irracionais, passou a pensar na vida eterna, na vida após a morte, no céu e no inferno. É aí que nascem as religiões.

RELIGIÃO

Inicialmente politeístas, os seres humanos criam em figuras humanas, figuras de animais irracionais e até em figuras mistas, através a construção de ídolos e templos para sua adoração. Mesmo nas religiões monoteístas, a exemplo da judaica, sempre havia parte dos seus seguidores que se desviavam para adorar outras figuras que não ao Deus que tinha um dos homens da tribo ou da nação, como seu representante. E a Religião passou a ser Poder, como até hoje seguem os muçulmanos, no continente asiático.

CULTURA

Com a evolução das civilizações, foram criadas ESCOLAS com a finalidade de transferir conhecimentos. Inicialmente, os sábios reuniam-se nas Cortes, para aconselhar os Reis, príncipes e fidalgos. Na medida que as comunidades foram crescendo, houve a necessidade de criar escolas fora dos palácios reais, tendo em vista que não existiam pessoas preparadas para trabalhar em setores burocráticos dos governos. A educação, até então, informal, oralizada, paulatinamente, transformou-se em educação formal, escrita e ilustrada com figuras desenhadas, posteriormente, com figuras e fotos, atualmente com outros elementos, com o advento da imprensa, tais como, jornais, livros, revistas, o Rádio e a TV, o Cinema, vídeos e audiovisuais, computadores, robótica, etc. Tais instrumentos desembocaram na INTERNET – Rede Mundial de Computadores, verdadeira revolução da informação, com fantástica evolução tecnológica na última metade do século XX, entrando no século XXI, como uma espécie de redescobrimento das nossas faculdades.

Se pudéssemos ressuscitar um homem de cultura avançada dos anos 1800 e o colocássemos frente à frente com tais tecnologias, nem temos idéia do que poderia acontecer!!!

DROGAS

O uso e o tráfico de drogas vem sendo o flagelo da humanidade, desde séculos. Antes, as bebidas alcoólicas e o tabagismo, tiveram seus momentos de ilicitude em várias partes do mundo. Na China, o ópio tornou-se uma epidemia que corroia a sociedade chinesa até a o início da segunda metade do século XX. Posteriormente, o uso da substância passou a ser monitorado pelo governo chinês. Atualmente, a maconha, a cocaína e o crack desbancaram o LSD e outras substâncias da década de 1960. As novas drogas são produzidas pelo mundo, mas teem aqui mesmo, ou no Brasil ou na circunvizinhança sul-americana, sua fonte de plantação e transformação química. Os governos mostram-se incompetentes para lidar com tais problemas que tornam a nossa saúde pública e a nossa segurança, caóticas.

CONSUMISMO

O consumismo é um mal que aflige o ser humano e que vem tomando contornos trágicos, através dos tempos. A moda, os bens móveis, o querer aparecer, tem sido a meta dos homens e mulheres, a cada dia mais vulneráveis aos apelos da mídia. E o consumismo exacerbado leva à inflação, à inadimplência, ao uso de drogas, ao crime, entre outros vícios.

FALTA DE PERSPECTIVAS

E por último, principalmente nos países emergentes, do terceiro mundo, e nos países miseráveis, a falta de perspectiva para os jovens, que os faz conhecer todas as desgraças no intuito de ostentar falso status social. Não há oferta de cursos profissionalizantes, cursos em tempo integral, os professores são mal pagos e mal qualificados e as verbas para a educação são insuficientes e mal aplicadas.

No Brasil, a morte de jovens, entre 15 e 30 anos é trágica. Os índices são extravagantes. Bate na mortalidade infantil, bate até na mortalidade por AIDS. As fronteiras internacionais, que somam 8.5 mil Kms. são desguarnecidas, um convite ao tráfico de drogas e de armas, e ao contrabando de mercadorias, principalmente os eletro-eletrônicos, produzidos na China, Estados Unidos, etc.

Enquanto o governo brasileiro não planejar uma Educação plena, profissionalizante e em tempo integral. Enquanto não assegurar emprego e renda para os jovens, enquanto tratar como fardo os aposentados e enquanto não tiver seriedade para com os verdadeiros problemas nacionais, estaremos aqui a ‘ensaiar’ – como se estivéssemos lamentando, apontando os problemas, cujas soluções estão à vista dos menos esclarecidos, mas que o governo não se interessa em resolver, quem sabe, para manter o ‘status quo’ de Poder, em uma sociedade falida, despolitizada, que vive de aparências e cuja juventude está nas mãos dos traficantes de drogas e de armas.

IMPUNIDADE

Por fim, a impunidade e a sensação de insegurança pessoal e jurídica, dado o emaranhado de Leis que fazem do Judiciário, um Poder com princípio e meio, mas cujas ações não teem fim, em sua maioria. Milhões de Processos dormitam nas Varas Cíveis e Criminais das Justiças dos Estados e da Justiça Federal, e nos diversos Tribunais e suas várias alçadas. As Leis, em vários casos, são lenientes com o infrator. Os Códigos processuais Civil e Penal, dão margem a uma infinidade de recursos - para viabilizar a postergação das causas que tramitam por 20, 30, 40 anos... Aí vem um tal de ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - uma verdadeira brincadeira jurídica que visa acobertar os menores infratores - que podem matar e traficar e roubar à vontade - nada lhes acontecendo, já que são ininputáveis! Fala-se em revisão do ECA, mas não se dá o primeiro passo. Enfim, o Brasil é o país da Impunidade, da Corrupção, das Leis descumpridas, de muitos funcionários públicos sem função, de concursos fraudados por maus elementos infiltrados na política. Somos o país da desconfiança generalizada. Dos crimes insolúveis, de pessoas sendo assaltadas dentro de delegacias e maus policiais matando cidadãos dentro dos quartéis. Somos o país em que alguns maus Juízes vendem sentenças, que chefes de Cartórios recebem propina para fazer andar processos e para paralizar outros, a depender do interesse das partes. Vez por outra, o presidente da OAB apresenta-se em CPI como advogado de bandido, idem para ex-ministros da Justiça. Nosso país é leniente com o crime e com o criminoso; entretanto, trata mal os cidadãos que sustentam uma máquina pública podre, entupida de maus funcionários que nada sabem e nada fazem, além de atrapalhar os trâmites burocráticos que eles mesmos desconhecem. Somos o país das greves sem justificativa. Greves de funcionários públicos. Feriados sem qualquer relevância. Homenagens a pessoas que ninguém conhece. Sem falar nas associações e sindicatos fajutos, que vivem à sombra de políticos de plantão, funcionando como eternos cabos-eleitorais, com seus dirigentes bem empregados e seus familiares em altos cargos sem a devida competência. Prefeituras, Governos estaduais e Federais, somam mais de 100 mil empregos diretos em cargo de confiança - sem concurso. E quando há concurso para prover vagas existentes, fala-se logo no QI - quem indica. Isso acontece até nos vestibulares das universidades públicas. O Brasil é um grande país. Já estaríamos fazendo parte do 1º Mundo há muito tempo, se as mazelas que vivemos, tivessem sido superadas. E esperamos que um dia isso venha a acontecer!

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 14/05/2010
Reeditado em 15/05/2010
Código do texto: T2256277
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