“Reflexões diante do espelho da EdUc-Ação”

Pensar reflexivamente sobre a prática pedagógica, não é tarefa fácil, porém necessária, diante dos fenômenos da contemporaneidade no âmbito educacional.

Como 'nós professores' estamos falando de educação o tempo todo, quer no ambiente escolar quer em casa – pois você leitor não imagina o quanto levamos da escola para casa! - respiramos educação, aulas, diários, alunos com dificuldades, e muitas vezes pó de giz, de giz mesmo, e quando olhamos no espelho.....algumas vezes estamos com o rosto do sujo de pó!

Com o advento de a mulher, esposa, e mãe, babá, lavadeira, costureira, dona de casa, etc...ter que ajudar a complementar, ou a cuidar só, de responsabilidades financeiras que outrora o homem assumia, ela passou a assumir funções laborais fora do lar, isso caiu como uma bomba, nos ombros da escola, pois foi para ela que ficou o ônus de cuidar de crianças, em todas as idades, e além de ensinar, agora se vê diante do dilema de que há que disciplinar, porém, num jogo de uma dualidade dever/direito, onde os agentes nestes processos, são ao mesmo tempo algozes e vítimas de um sistema, note o que disse PENA¹: “Em síntese, vivemos em uma era em que reina o individualismo. A valorização de si mesmo, ao lado do processo capitalista de produção, fragmentou a instituição familiar. A escola está sobrecarregada, pois lhe é delegado um papel de que parece não dar conta. É difícil reverter essa situação, mas o início do processo começa com a conscientização. Assim, poderemos transformar a crise em oportunidade”.

Quando surge a idéia de reeducação de adultos, começa-se a brilhar uma luz, que fará mais clara a imagem no espelho da educação.

Já há o EJA, (educação de Jovens e Adultos) porém, o que se postula é algo mais abrangente, algo que realmente, reflita as cicatrizes, as rugas do tempo perdido, e sobre tudo, ajude os adultos, a ver que apesar do tempo, da idade, das exigências do dia-a-dia, é mister, que aprendam, ou melhor que re-aprendam.

Poderão inclusive ajudar ou ser ajudados por seus filhos, numa guinada total rumo a uma consciência coletiva, mais discernidora, mais educada, mais prestativa, menos egocêntrica, uma ação transformadora, onde além da erradicação do analfabetismo, primasse também, por uma educação bem semelhante ao que já se oferece em algumas universidade, para terceira idade, ou seja pública, gratuita e de boa qualidade, lembrando que nada é gratuito já que pagamos antecipadamente por meio de nossos impostos, o mais caro do mundo! Convém lembrar-nos que ainda que façamos todo empenho, haverá entraves monumentais, pois a ciência é construção humana CHASSOT², assim o é a educação, portanto será sempre imperfeita e inacabada.

Tal programa deveria ser de abrangência nacional, com metas bem definidas pelo MEC, de aproveitamento das escolas estaduais e municipais, que ficam ociosas em alguns períodos!

Por exemplo quase todas as escolas municipais ficam ociosas à noite, deste modo o MEC, faria convênios com o IBGE para um censo educacional, até para medir os interesses locais e diversidades cursos que seriam oferecidos, de acordo com o perfil regional e laboral, de diversas disciplinas, e como estímulo para garantir presença confirmada, cederia isenções aos municípios participantes, e o governo federal, por meio dos nossos excelentíssimos parlamentares, aprovariam Lei complementar, em cujo preambulo trouxesse mecanismos de premiar as famílias que estudassem, e existem muitos meios legais para conseguir isto,e hora não cabe falar.

E sejamos franco, já que os governos colaboraram, para o desenvolvimento do problema de melhoria nos setores fabris, e conseqüente sobra de mão-de-obra, agora cabe aos governos assumir suas responsabilidades sociais e usar os recursos oriundos dos bilhões do fundo perdido, para uma educação revolucionária, abrangente, em todas as áreas que forem possível e necessária!

Diante de desafios, é que conseguimos cogitar novos paradigmas, como bem disse SANTOS³

há que “quebrar paradigmas da classe dominante”.

Os fatores de alienação, serão paulatinamente, diminuído, e até extirpado, se abraçarmos a idéia de que é urgente uma educação para todos os adultos, sem deixar as crianças de lado! Professores poderão ser estimulados em suas carreiras, especializando em cursos de múltiplas disciplinas, talvez agrupadas de acordo com o modelo refletido pelo professor MORIN4, sobre os sete saberes, estes mestres, ganhariam um salário AN, cujo valor seria atrelado a eficácia de sua regência, e dos resultados para as turmas beneficiadas, semelhante ao que já acontece em certo estado da federação.

Seguramente esta quebra de paradigma educacional, contribuiria muito para melhorar os sentimentos de participação dos agentes neste processo, e melhoraria suas perspectivas laborais!

Como no filme3, veríamos menos pais carregando seus filhos a tira-colo, procurando casa de albergado,

na medida em que estes cursando, fossem encaminhados para diversos postos de trabalho, pois sabemos que há vagas, porém não pessoas para preencher estas!

Os mesmos moldes usado pelo CIEE, que integra alunos escola/empresa, seria feito um CIEAA, Centro de Integração Empresa Aprendizado Adulto, e priorizaria adultos de todas idades quem terminassem os estudos com êxito!

As festas de colação de graus, de nível médio, técnico, e profissional, seria outro fator que agregaria melhora de sentimento individual e coletivo, já que os familiares estariam juntos!

Quanto a nós professores responsáveis e valentes, temos que aprender a dizer NÃO!

Por que dizer não? - talvez pergunte o incréu – Digo, se os mestres de outrora, houvesse estudado um pouco mais, entenderiam que o ensino de Platão, se baseava numa premissa totalmente equivocada, não concordaria com estes ensinos repulsivos, que só conseguiu trazer uma dicotomia, semântica, de dois termos que significam a mesma coisa! Daí, o engano, refletindo para bem longe de sua época, até os nossos dias! como quando nós em criança, brincávamos 'de espelho', apontando para o Sol, e provocando cegueira nos coleguinhas! A cegueira de Platão é bem mais que uma simples brincadeira, pois além de ter cegado muita gente inclusive dos estratos superiores, deturpa o ensino verdadeiro sobre a condição dos defuntos. Na realidade brinca com os sentimentos alheios, inclusive com bençãos religiosas!

Dizer não, ás 'lullas5' mesmo que sejam oriundas de grandes nomes, em diversas áreas da educação, não, para não aplaudir quando um palestrante, disserte sobre coisas que são meras teorias, na verdade especulações hipotéticas, só para provocá-los, sabiam os senhores (as) que o Livro de DARWIN6 de The origin of species, alude a expressões, suponhamos que, talvez, por acidente, e acaso, mais de oitocentas vezes? Como você se sentiria se conversasse com um individuo, e que ele só falasse de coisas que não tem certeza, e que rejeitasse veementemente as evidências em contrário?

Embora o objetivo deste morfo não seja falar em termos religiosos - me permita caro leitor, prometo que serei breve, nas explicação das palavras que Platão, de modo infeliz disseque era o que não era de fato. ALMA E CORPO. Está preparado para saber realmente o que significam estes morfemas? Do hebraico temos apalavra /néfes/ do grego temos /né-fesh7/ e /psy-khé/ que significa ambas apenas e tão somente, alma vivente, ou seja, a própria pessoa com vida, corpo de carne e osso que esteja respirando! O incréu, talvez perguntará: E o espírito? Se quiser saber vá estudar os escritos sagrados! -Pode ter certeza caro leitor- Platão, com sua teoria filosófica, conseguiu, fama, posição social, talvez dinheiro, e com certeza encher a cabeça de milhões de desavisados analfabetos de 'lulla' pessoas após ele! Santa hipocrisia!

Neste ponto do discurso, pergunto: Será que na distribuição do trabalho, do capital, dos recursos, existe ao de ético? Existe pensamento para o bem coletivo, ou prevalece um individualismo, competitivo, mesquinho, fétido, e embasado, que só consegue refletir rostos deformados marcados pela ganancia? O capitalismo tem que levar parte da culpa, os intelectuais, do passado e do presente também, são cúmplices, nesta dialógica do quem for mais experto engole os desavisados.

Numa cena do filme, “em busca da felicidade”, vemos ávidos aplicadores de bolsas, num afã frenético por $lucros, e o personagem papai americano, de um simples moribundo, chega aos níveis que representa o verdadeiro objetivo na terra do Tio Sam, $lucrar, $lucrar. Estão Seguindo no caminho de MARX8.

Quando voltamos ao espelho, já estamos um pouco mais cansados, nossos olhos já não tem o mesmo brilho, e parece que tudo que fazemos, por melhor que seja, em prol de uma educação, cada dia melhor, não consegue lograr êxito, parece que somos os únicos em nossa escola que realmente pensa educação como processo de abordagem constante, que refletimos não só diante dos pupilos, e sim em nossa postura como professores que dá exemplo, parece que não estamos conseguindo quase nada! Não se engane caro colega de regência, sua atitude está sendo vista e será refletida em tantos outros lugares que você nem imagina!

Dia destes encontrei uma professora de biologia, que chegou toda contente e me disse: “Encontrei um rapaz, que me abraçou e agradeceu por te-la ajudado! Fique estupefata, pois não conhecia aquele homem, não lembrava-me de sua fisionomia”! Sim queridos professores, vocês são os verdadeiros heróis deste país, pena que alguns só reconhecem isso, tardiamente! Aceitem este discurso como prova de meu carinho a todos e a todas!

Proponho um novo vicio para a juventude! Para as meninas, preocupadas em demasia com sua silhueta, e gostam muito de espelho, que tal mestres vocês ajudarem as gurias, a aprender a ser mais femininas, mais caseiras, aprendendo por exemplo cursos técnicos, em vez de se enfiar sozinhas , num campos e sair e sair de lá com barriga d'água9 !, com ébola, ou minigente! Brincadeira! A coisa é grave de vez, mesmo!

Os professores poderão incentivar as meninas a viciar-se em boa educação ao tratar seus pais, pois isso lhas preparará para ser boas mães, e futuras esposas, tendo o vicio de ler, porém com cuidado, para não ler lixo bem encadernados como (errei o pote) e coisas do gênero.

Para que estas meninas não tornarem-se adultas analfabetas e cheias de crianças para cuidar, ou para jogar no colo da mãe/avó, digam as gurias que aprendam os oficios antigos de pregar um botão numa camisa, mesmo que tenham condições de pagar uma costureira, pois este labor enriquecerá sua vida, aprendam a cuidar de seu corpo, de modo equilibrado.

Deverão saber que é melhor valorizar sua pureza moral, guardando sua virgindade para o seu homem, após o contrato de compromisso, (la boda), pois o que mais um homem quer ver numa mulher - por incrível que possa parecer - e digo isso por ser um homem tremendamente apaixonado e entendido, pois já estou em lua de mel há mais de vinte anos! - não é o tamanho de seu traseiro! desculpe-me a franqueza - antes querem ver o caráter, a fibra moral de dizer não ao sexo pré-marital, esta mulher que não é leviana, não ficará solteira nunca!, a menos que assim o queria.

Os rapazes, para não tornarem-se homens quarentões desempregados e sem nada, sem dignidade, sem mulher, sem família, e em alguns casos sem vergonha. Adultos pedófilos que agora infelizmente é moda!

Que tal viciar-se em aprender ofícios e profissões que parecem sem valor, mais que não deixa ninguém sem dinheiro! Lavar janelas de escritório, cuidar de animais por meio período, e estudar no outro, mecânico de autos, funileiro ou lanterneiro, eletricista de autos e residenciais, e a lista vai longe! Temos que paulatinamente criar o conceito, que predomina imposto por uma elite torpe e mesquinha, que reflete apenas

uma imagem torcida da realidade.

Pergunto: Será que só tem valor as pessoas que tem curso superior? Se você responder sim, então terá que descartar seus pais, seus avós, e muitos dos seus entes queridos, que em grande parte não cursaram um como dizem atualmente uma 'facu', que na realidade, ainda que tenha valor neste mundo louco por diploma, são muitas vezes conseguidos de maneira fraudulenta!

Boa parte dos 'facuzeiros' colam, mentem, subornam, se vendem até com favores sexuais, para ter boas notas!

Eu não troco o valor dos antigos pais e avós, por esta....de estudo, esse excremento humano!

Além de educar os adultos colaboraremos para coibir que mais jovens tornem-se tal tipo de adulto.

Como reconhece o autor, PEREIRA 10 “consumir é participar de um cenário de disputas”, Pergunto novamente: Esta disputa te lembra alguma teoria onde a disputa é fator principal para a sobrevivência? E não está claro que refletir tal atitude do individualismo capitalista ganancioso, contribui para um reflexo distorcido do espelho educacional, já que os alunos mais nos observam do que nos escultam?

Por que temos que ter o último tipo de algo, se o que temos é de boa qualidade e está em prefeito funcionamento? Será que nós professores temos a consciência de como nosso exemplo grita, enquanto falamos, e que se nosso discurso defendendo a elite dominante, BRANDÃO 11 for incongruente, o devir, FOUCALT12 educacional será mais para prejudicar do que instruir?

O que eu, como professor e/ou futuro professor posso absorver, do "Pequeno Príncipe"13, em minha ação pedagógica, em minha atuação na escola? Primeiramente dar o exemplo correto FREIRE14.

Podemos trabalhar os conceitos do livro de diversas maneiras, a linguagem empregada, os cenários apresentados, as personagens, podemos propor redações individuais, teatros de certas partes, cartazes, seminários dentro da sala, onde cada grupo apresente partes da história, etc...podemos ainda analisá-lo nos aspectos semânticos, e fazer recortes e aplicá-lo á nossa realidade, inclusive comparando a dicotomia dos discursos dos “adultos” em relação ao das crianças. Nada impede-nos de aplicar os princípios do livro em liços para os adultos também, por meio de transposição pedagógica, pois a pedagogia deve contemplar a todos.

Bem, agora está na hora de olhar no espelho, arrumar o cabelo, tirar o guarda-pó, e ir-nos de mais um dia de labuta, e ter presente que nossa missão de educar adultos está apenas começando, temos que nos fortalecer nesta idéia, imagine você, se todos nós, (os professores) juntos começarmos a gritar por este modus operand, talvez façamos-nos ouvir pelos palacianos, e esta idéia utópica ainda, se refletiria como num espelho, no país inteiro!

Referencias:

1)PENA, Roberto Patrus Mundim “Ética e (falta de) educação”, Mestre em Administraçãode Recursos Humanos (UFMG), Psicólogo (UFMGL Filósofo (PUC-MG), Autor do livro Ética e Felicidade, Psicoterapeuta e Professor de Filosofia e Etica da PUC;MG, FUMEC e FEAD. E-mail: robertop@gold.com.br texto SABE/UNIS.

2)CHASSOT, Áttico “A ciência através dos tempos” p.249 Ed. Moderna.Polêmica 16ª impressão.

3)SANTOS, Boaventura de Souza, “A critica da razão indolente contra o deperdício da eficiência, Ed. CORTEZ, RJ. 2000.

4)MORIN, Edgar “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Guia de Estudos SABE/UNIS.

5)WIKIPEDIA, 'lulla= mentira' Quíchua  (Qhichwa simi / runa simi)

6)DARWIN, Charles, The origin of species, London, Jonh Murray, Albemarle Street, 1859.

7)(né-fesh) (psy-khé) New Catholic Encyclopedia (1967) Vol.XIII, pp. 449,450

Orígenes c.254 e.c, e S. Agostinho 430 e.c conceito de alma imortal New Catholic

Encyclopedia 1967, Vol.XIII, pp.452,454; Conceito de alma imortal, Fédon de Platão, Secs.

64,105, publicado em Great Books of the Western World (1052), editado por R.M. Hutchins,

Vol. 7, pp. 223,245, 246; Dictionnarire Encyclopédique de la Bible (Valence, França;1935),

editado por Alexandre Westphal, Vol. 2, p.557.

8)MARX, Karl, Das Kapital: Kritik der politischen Ökonomie, 1867 Alemanha.

9)SEMÂNTICA, barriga d'água, ébola, ou minigente! Referir-se a gravidez precoce.

10)PEREIRA, Paulo Roberto Neves, UM MUNDO EXCLUSIVO - O Mundo Quadrado e o Mundo Redondo, Guia de Estudos SABE/UNIS.

11)BRANDÃO, Carlos Rodrigues “O que é método Paulo Freire” p.85 Ed.rasiliense 20ª impressão. 1904.

12)FOUCALT, Michel A arqueologia do saber, Ed. Forense Universitária, São Paulo, SP

13)SAINT-EXUPÉRY, Antonie de.O pequeno príncipe.48ª. Rio de Janeiro: AGIR, 2000.Guia de Estudos SABE/UNIS.

14)FREIRE, Paulo, “Pedagogia da Autonomia” p.38 par.1 Ed. Paz e Terra S/A. São Paulo, 1997.

Cristino Mendonça
Enviado por Cristino Mendonça em 29/06/2010
Reeditado em 20/05/2011
Código do texto: T2348315
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