Análise do poema “Teresa” – Manuel Bandeira

No poema Manuel Bandeira descreve diferentes visões que teve de Teresa em épocas distintas.

“Teresa” trata-se de uma logopéia (um dos níveis de Ezra Pound que o texto remete à construção de idéias). Neste poema o mais valorizado não é a imagem ou o som, mas a palavra.

É composto por nove versos, divididos por três estrofes. Cada estrofe representa uma época diferente e um ponto de vista novo que o poeta tem de Teresa. É visível a intenção de Manuel Bandeira de querer dar um aspecto de continuidade ao seu poema ao não colocar nenhum tipo de sinal de pontuação ao longo dele, o único sinal é o ponto final no fim do último verso, representando o fim de tudo, o máximo da admiração por Teresa. O autor faz uso da zeugma no sétimo verso, fazendo a elipse de termo que já havia aparecido anteriormente: “que vi Teresa”. Utiliza também, a hipérbole no segundo verso, exagerando na hora de descrever as pernas de Teresa: “tinha pernas estúpidas”. Ainda na primeira estrofe, no último verso, nota-se o uso da metáfora, ao comparar a cara de Teresa com uma perna.

A princípio, nos três primeiros versos, o poeta vê a moça de modo grosseiro: “achei que ela tinha pernas estúpidas / achei também que a cara parecia uma perna”. Certamente o admirador é mais jovem do que Teresa. Esta primeira visão é ingênua e inocente, consta como se a garota fosse bem mais crescida que ele. Ao nos imaginarmos como criança e lembrarmos de quando ficávamos de pé ao lado de um adulto ou até de um jovem mais velho, tendo deles uma visão de baixo pra cima, a única coisa que veríamos, de fato, seriam pernas. Foi esse o primeiro ponto de vista do poeta.

A segunda visão que o admirador teve de Teresa foi mais madura. Não eram mais “pernas estúpidas” diante dele, mas olhos maduros. Segundo ele: “os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo”, os olhos nasceram antes do corpo. Observe que o poeta não tem mais uma visão de baixo para cima, mas de olhos nos olhos. O poeta cresceu e Teresa amadureceu. Ao comentar sobre os olhos de Teresa o admirador mostra o nível de maturidade dela, “os olhos são os espelhos da alma” afinal, e a alma de Teresa já é madura, o poeta mostra apreciar bastante tal qualidade. Ele exibe também o fato que Teresa amadureceu cedo: “os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse”.

Observe que a cada estrofe Bandeira vai mostrando um sentimentalismo e admiração maior por Teresa, numa verdadeira gradação ascendente de sentimentos.

O terceiro e último ponto de vista que o poeta tem de Teresa é o de profunda admiração. Ele já não é mais uma criança e ela é uma jovem madura. Ele apaixona-se por ela, e a vê agora com os olhos cegos de quem ama, olhos que só enxergam beleza sublime no ser amado.

Érika Bandeira de Albuquerque
Enviado por Érika Bandeira de Albuquerque em 12/07/2010
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