Dama ou Rainha?

Dama nesse tabuleiro ou rainha dessa corte? Onde deságua essa aflição toda? Em que tela estarei nua na próxima estação?

Ora meu caro, se não sabes a diferença entre o xadrez e o gamão não ligue esse cronômetro, não cravaria a marca pra largada, e pode apostar que só no jogo da velha encontrarias satisfação.

Eu? Bom, eu talvez não tenha ainda a mesma destreza, mas não recuaria nem uma peça; na linha de frente tenho guardiões da minha fidalguia, e um rock na hora certa espantaria fantasmas. Nem um rei diabólico seguraria a petição, não me faça rir, antes que me faça gaguejar, serás obrigado a tombar o rei.

Louca? Não! Entre um extremo e outro temos um fiel que regula o compasso dos nossos pés, entre o preto e branco não verás o semi tom, por que ele inexiste nesse jogo. Dá-me a vantagem do branco e eu mostro em que casa escondo a rainha desse jogo.

Eu tive impulsos de sair a rua e desejar bom dia, de desafiar os astros, mas fiquei pregada na minha bobeira, outra vez. Guardei mais um dia, para que amadurecessem meus poemas, não posso distribuir verdes páginas, amanhã a conjunção dos astros aterrisará no meu quintal, quem sabe novas sementes brotem.

Não é de agora que deslizo nesse tabuleiro. Permita-me essa dança?

Sei que não dançaria com uma rainha sem anáguas e uma coroa, volto pra torre, tem duas à minha espera...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 13/06/2005
Código do texto: T24396
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