Sobre a depressão 2

Vou postar esse texto em ensaios, porque procuro fazer um estudo, mesmo que amador, sobre esse tema tão assustador quanto a depressão. relatar experiências pessoais. Mais da metade da população brasileira, e mais mulheres que homens, padecem dessa tão temida doença. É de dar medo mesmo! Incômoda, tira o sossego, o sono, a paz, a tranquilidade, a calma dos que sofrem com ela, principalmente, se for endógena, isto é, genética. Aí não há remédio que cure, apenas ameniza uma agonia que vai nos acompanhar pelo resto da vida.

Sofro desse mal. Há muitos anos comecei o tratamento com um clínico e continuei pelos anos afora. Mesmo com medicação tenho crises. Como são? Choro compulsivo, sem razão aparente, irritabilidade, comportamentos dos quais não me lembro depois e dos quais me envergonho. Tristeza profunda e uma dor no peito que só melhora quando choro muito. E como o choro desgasta!

Só quem padece desse mal entende do que falo. Ninguém é capaz de entender e as sugestões de 'saia de casa', 'distraia', 'faça uma viagem', leia um livro', 'não se deixe vencer', reaja', 'se vire nos trinta'...são tantos os conselhos que a vontade é mesmo não sair de casa para não ouvi-los.

Além da depressão tenho enxaqueca e cefaleia crônica. Também tenho uma prótese no ombro direito, em consequência de um tumor localizado na zona proximal do úmero. Foi retirado e dele nada tenho. Estou curada, graças a Deus!

No princípio do ano, comecei com uma forte enxaqueca e logo depois se tornou dor de cabeça diuturnamente. Demorei um pouco a procurar ajuda, sempre pensando que ia passar. Quando não mais aguentei, procurei novamente o clínico que me prescrevu medicamentos com os quais não me adptei e não quis ingeri-los. O médico insistiu para que continuasse a medicação. Mudei de clínico! Esse me virou pelo avesso. Fisicamente nada tenho, mas o que me indicou para a depressão não funcionou nem com a primeira nem com a segunda medicação. Fiquei desorientada! Meu desejo era ficar deitada e chorava dia e noite.

Resolvi procurar, a conselho, um especialiasta na área, um psiquiatra. Foi a melhor atitude que tomei em 20 anos sofrendo, emocionalmente, em minha vida. Farmacológico, verificou que todo meu receituário psíquico não estava adequado e prescreveu-me o que deveria ser há muitos anos.

Conclusão: hoje sinto-me mais aliviada, segura, amparada, apoiada por um psicólogo (todos nós temos uma história de vida e cada um com seus traumas) e acredito que de agora em diante consiga ter uma qualidade de vida bem melhor.

Esse escrito é um alerta para aqueles que têm depressão e não procuram um especialista por preconceito e pensarem que psiquiatra é o que trata de loucos. Não sou louca. Sou lúcida, clara, consciente, conhecedora de meus limites e corajosa! O psiquiatra é o que prescreve a medicação correta para quem precisa de acompanhamento emocional contínuo e/ou regular e conhece, porque estudou a psique humana. Mas tem que ser BOM!

Todos nós somos uma, duas, três personas e é difícil lidar com tantas pessoas dentro de nós mesmas. Não tenho vergonha de ser o que sou!

Não tenho vergonha de falar sobre o que sinto! Tenho vergonha de não poder ajudar mais as pessoas que precisam. Por isso escrevo e espero, assim, alcançar aqueles que necessitam de uma força para seguir o mesmo caminho que eu.

A depressão existe, é uma doença, não é 'frescura' e precisa ser respeitada por aqueles que nunca a tiveram!

Tida Pozzato
Enviado por Tida Pozzato em 26/08/2010
Código do texto: T2461407
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