História das Band (Alheiras) da Minha Terra - Primeiro Acto



De: Silvino Potêncio, (*) A História das Band (Alheiras) de Caravelas...

(1°Acto)

Tal como a grande maioria dos leitores Emigrantes destes espaços virtuais, nós queremos agradecer de ante-mão... e de PÉ ante-pé, a sempre benvida contribuição de todos quantos aqui postam as suas mensagens, os seus conhecimentos pessoais ao nos contarem as suas mágoas e as suas glórias, ainda que de graça, para que sejam livremente reveladas.
(escrevo no plural pois sei que muitos haverão de ter histórias iguais à minha, ou pelo menos similar)
Depois de mais de 55 anos fora da nossa Aldeia Natal, Caravelas de Mirandela... nós já temos uma curriola muito grande de histórias, algumas que podemos até adjectivar como sendo do “arco da velha”,...
 E outras do "arco do cego", quando por ali andámos e trabalhámos na Mercearia do Ti Alberto situada na Rua Dona Filipa de Vilhena - que fica bem perto das proximidades deste agora desfigurado Arco do Cego, e... por causa disso, nos veem sempre à lembrança, a cada instante, todas estas "histórias" que não podíamos deixar de vos descrever com todo o zelo de "escribas amanuenses milicianos"!...

Quase que invariávelmente ao nos apresentarmos a desconhecidos mas, sabidamente sendo de origem lá na "santa terrinha", nós tínhamos por hábito declinar que somos naturais de Caravelas e logo em seguida, mediante o atónito dos nossos eventuais interlocutores, por nunca terem escutado o nome da minha Aldeia quase sempre acrescentávamos; Aldeia de Caravelas de Mirandela!...ou seja; da Terra das Alheiras!
- E, ainda assim, quando não convencidos da nossa informação, pela vista nos olhos de tais pessoas, nós insistíamos; é lá em Trás-Os-Montes, Portugal,  carago!...(invariávelmente este ultimo verbete quase todo mundo conhece).
--- Ora, depois desta introdução tão geográficamente bem descrita, vamos então iniciar este mero ensaio de uma história em três actos!... Pois que quando nós viémos para o outro lado das grandes águas, já então como Emigrantes forçados nós resolvemos a situação de outra maneira.
E,  ao recebermos como resposta, algo deste tipo ah éeeee???  
- ah voismecê é Português de Trás-dos-MONTES?... da terra do Ti Ál vares Do Cabral?...
Em Terras Tupinikins ​perguntavam-nos muitas pessoas que nos recebiam naquele tempo por cá.
E assim nós ripostávamos; ​
- Não!... nós não somos da terra dele embora saibamos pela história das "Alheiras" que ele era Judeu de Belmonte e, por isso, ele certamente, de lá trouxe para cá a tradição de enganar o vigário!
Antes de prosseguir, é bom lembrar que o termo "vigário" nem sempre significa vigarice! Não este Senhor Vigário aqui nesta história era apenas o Padre que sempre viajava junto aos Navegadores Lusitanos que Novos Mundos deram ao Mundo.  ​
- Assim sendo, permitam-me contar-lhes aqui uma pequena história que foi mais ou menos "axim"!...
- Mais um aviso aos navegantes: nas minhas citações e colóquios verbais o leitor vai encontrar muitas palavras e expressões fonéticas que não constam da maioria da gramática da Lingua Portuguesa. Quiçás talvez uma mistura do Mirandês com o Mirandelês e umas pinceladas de Emigrês na sua plenitude!  ​

Os Cristãos Novos:

Era um domingo de manhã - lá pelas "nóvital" quando o carro todo preto de marca "Perfecta" encostou na Paragem da Carreira, que ficava lá na "baleta" do Alto da Estrada, au cimo do “pobo”, e que vinha da Torre de Moncorvo e ia até Macedo de Cavaleiros.
- O chofer, que era Vigário da Aldeia de Santa Maria de Bornes, abriu a porta do lado dele que chiou por falta de azeite nas dobradiças, puxou a alavanca para abrir a tampa do motor e verificou os "bornes" da bateria...
- Desligou-os e desceu o caminho de barro, a pé,... em direcção à Igreja que ficava lá fundo do “pobo”,...aonde ele rezava missa, fazia baptizados, escutava as "belhas" a falar mal das "bezinhas"... e bebia um cálice do tintol misturado com água benta, que era para não sentir dor de cabeça ao subir no alto do "púlpito" para pulpitar um discurso.

- aqueles que ainda são de menor idade são... Cristãos novos! portanto não precisam de "botar" no General sem medo! (dizia ele)...
- QUEM é que acredita em Deus, aqui nesta paróquia???!!!... - gritava ele com a voz sonante lá do alto do púlpito.
Todos!... dizia o Sá, Cristão...
- AATÃO BOTEM NO AMÉRICO DE "DEUS" TOMÁS!!!...carago!...
(Fim do Primeiro Acto Eleitoral)
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 30/09/2010
Reeditado em 12/02/2017
Código do texto: T2529533
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