Não desejo ser compreendida

Sou o sonho solitário que rompe os muros dessa prisão...Sou o vento libertário que invade os ares em busca de comunhão...sou a branca nuvem desse teu céu em harmonia...sou a paz na tua melodia...

Sou o rio que explode no leito inexplorado...sou o veio rasga a terra com sede de viver...

Sou a sede da natureza...sou a voz embrutecida...o sal da terra...a voz que grita...se agita...se contorce...

Sou o brado em meio ao deserto...a tempestade que sufoca...o banquete dos faraós...não sou pó...nem oásis nesse mar de sol abrasador...sou a linfa que circula nas entranhas da areia...

Sou espuma ruidosa que se desmancha na areia escaldada...sou minguante na maré das luas adolescentes...sou veleiro perdido na tirania das marolas...

Não sou a paz das espadas desembainhadas...sou guerreira errante nessa ampulheta de bandeiras hasteadas...

Não me pertenço...não sou rumo nessa esfera em que bailo...

Não sou brilho nessa nesga de luz que atravesso...sou a parte amputada da história que conta suas glórias...atravesso o buraco negro...em vôos rasantes...me mantenho atemporal...sazonal...a medida que me guardo no olho do furacão...como chispa incandescente...fagulha acesa...que carece de lenha para arder...

Não desejo ser compreendida...borbulho pela borda da vida e como bebida preferida...me aceito e me derramo...só quero ser sentida...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 17/06/2005
Código do texto: T25327
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