Elucubrações

Elucubrações

==========ErdoBastos

São perigosas. A começar pelo terreno da matemática, onde vemos que a melhor probabilidade calculável de se estar correto ao elucubrar é de 50%. E por uma suposição imponderável, se corre um risco de 50% de probabilidade de erro (máximo valor matematicamente calculável, vice e versa.) o que constitui risco alto de erro.

No terreno filosófico, tem-se isso de modo ainda mais claro. Quem pensa livremente, está sempre certo, ainda que apenas a luz da sua própria razão.

No terreno vivencial, da nossa experiência de vida, pretérita e presente, baseada em fatos semelhantes outrora conhecidos, ficamos nós de algum modo por cada um deles marcado. Assim, quando ponderamos sobre um fato novo, usamos estas experiências pretéritas e opinões delas advindas como parâmetro.

Quando se tem uma “impressão”, aquela coisa do “palpite”, do se pensar que a interpretação correta de um fato é tal ou qual, e “algo” fica a nos dizer, intimamente, que estamos certos... se inicia o processo de elucubração.

Então,partimos pra analisar as informações que temos e interpretá-las.

Neste momento, quando interpretamos as informações que temos, analisamos a fonte e todas as hipóteses que alcançamos pensar, e tentamos calcular sobre esta base. Estamos, aqui, em pleno processo elubratório. Dando a um fato, uma versão nossa. Pessoal. Uma interpretação.

A cada momento deste processo, nos chegam informações ao pensamento. Cada uma delas, pode ser vista de várias maneiras diferentes, mas nós, dentro do nosso raciocínio elucubratório, com base naquilo que nós consideramos correto, escolhemos vê-la de uma determinada maneira, a qual, diante do nosso conjunto de experiências anteriores e opiniões assim formadas, pela vivência pretérita, pela tentativa de cálculo matemático e de interpretação filosófica, uma opinião interpretativa adquire cunhos de verdade.

Quando o correto é que ela tenha varáveis conforme enfocada por quem a vê.

Desta maneira, aquele que julga uma outra pessoa, sempre o faz com base em si mesmo. Via de regra, a visão que forma a opinião de um bombeiro, deve ser diferente da do incendiário. Raramente, o palhaço e o dono do circo, riem da mesma piada e com a mesma intensidade. Porque tem várias possíveis interpretações diferentes que servem à mesma piada, e vários ângulos de abordagem pra cada questão.

Normalmente, porém, quando se vê alguém que fala como um monge, se comporta como um monge, veste-se como um monge e tal diz sê-lo, estamos vendo um monge.

Porém, qualquer um de nós sabe que se pode falar, comportar-se, vestir-se e dizer-se um monge, sem de fato sê-lo. Se este alguém oferece motivo pra que dele se pense assim, justifica-se pensar deste modo.

Caso contrário, é elucubração pura, não embasada.

Exceção à existência de prova material, o que torna este raciocínio todo, acima desenvolvido, absolutamente sem pertinência à questão. Porque a questão, em sí, muda.

Então, se falamos de um raciocínio sobre o circunstancial, e julgamos, opinamos, fazemos afirmações concomitantemente, estamos falando de elucubrações. Tem a mesma chance de estar certa que tem de estar errada. No máximo.

É uma escolha.

Cada pessoa faz as suas próprias escolhas. E arca com as conseqüências que dela resultem, quando as houver.

Quem emite uma opinião sobre algo ou sobre alguém, se posiciona. E quem se posiciona, se expõe ao julgamento alheio. E se cumpre um ciclo, que por sê-lo, imediatamente reinicia. “Ad eternum...”

Ou não, como costuma dizer o Caetano Veloso.