Tateando...

Fico tateando o teclado em busca de palavras para compor, pouso os dedos aqui e ali e não consigo juntar uma frase inteira...

Meus dedos percorrem a extensão do teclado como percorre a extensão do meu corpo, cheio de censuras, de medos...e desistem cansados...

Há um silêncio hesitante...e um paralelo intrigante...há horas vazias, esquecidas e um mundo de interrogações e gestos contidos...

Meus dedos andam querendo emudecer...tanto quanto os lábios que jazem no silêncio...

No movimento da íris quem há de saber dos pensamentos?...nem a sombra do medo. Porém a quintessência invade os segredos...reproduz em muitas partículas aquilo que nem o pensamento permite...mas está lá, escrito em algum canto...

Onde te guardas? Onde me guardo? Na mesma vertebra que se conta desde o Éden. Não, não foi há tantos séculos, foi ontem que trocamos a última sílaba ainda dita como da primeira vez...

Somos assim como vento e brisa, estrela e luar, praia e mar, gostamos de gostar...gostamos de estar onde a vida nos levar...mais que isso...gostamos de ser e estar onde nossa alma nos levar...por escolha própria...pela essência que nos encanta...pela certeza que só lá no fundo sabemos...a perfeição traçada pelas nossas metas...a organização contínua de nossa exigência...essa nos obriga e nos faz refém de nós mesmos...morremos um pouco a cada momento...

Não sobraram palavras, não sobrou espaço suficiente...e os meus dedos derrotados pela veêmencia dos meus desejos...sucumbem...

Inerte o que será desse teclado frio? Cansado de ser martelado pelo rigor dos

meu dedos, pela aflição das minhas palavras....

Enluvo minha mãos frias...caladas e repouso sobre a quentura do meu ventre

aceso...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 25/06/2005
Código do texto: T27560
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