Berlim aos Açores

Quando lhe queimam as entranhas e lhe matam esperanças de que o hoje, o amanhã, adquiram cores. Quando a posteridade de facetas se abstém e nos revela a ausência de suas flores... Eis o momento em que me encontro ao desabar do coração.

Uma paixão correspondida a lamentar-se dos amores outrora tão queridos, de Berlim aos meus Açores. Quando se causa uma tragédia, há de se entender que um horizonte é limitado, tão desimportante, ao fechar dos olhos, ao ignorar propositado da existência deste todo. Um erro consertado e concertado pelo outro. Um pranto avariado pelo outro... E toda a nossa dor supera a nossa redenção. Redenção antes sincera, por sua vez, à atualidade a fazer alguém sofrer.

Antes influenciável, hoje aprisionado à teia do indigno amor, um alguém não mais bailara pelos céus do surreal do paraíso (embora ainda o faça com vigor em minha mente). Alguém embevecido pelo amor se vai carente. Em seu auxílio, o que tenho a oferecer é deixar que agora o faça, no intento de lhe conferir a liberdade ontem perdida em minhas asas.

Que voem, pois, sozinhas suas asas, sem o peso de meu corpo! Ao que entendo nem a sorte de nos transformarmos numa borboleta nós tivemos. E o tempo que nos une, ao certo, há de dar romper a este amor por ora fútil a queimar todo o seu ser. Que o tempo não permita que eu me aproxime... Azevedo, vem e busca tua cria!

À metade do dia que não há.

Caio Trova
Enviado por Caio Trova em 28/01/2011
Código do texto: T2758362
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