DA NOSSA VIOLENTA EXISTÊNCIA:

Acredito muito na força do inconsciente coletivo, e hoje, pensando em ensaiar a violência social num projeto de texto, tive uma grata surpresa que ratificou a minha vontade temática.

Recebi um mail dum professor de filosofia que eu desconheço e que acessou o recanto, me dizendo que está discutindo as transformações dos valores sociais com seus alunos e me pedia permissão para publicar trechos dum ensaio que escrevi,"OS VALORES E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS".

Claro que fiquei contente, porque escrevemos para sermos lidos, senão não haveria porquê escrever.

E acho interessante como este meu texto chamou os alunos das ciências humanas para a minha página, aliás , um texto simples, nada técnico, mas escrito com a percepção da alma, portanto um texto catártico, fruto da mera integração com o meio.

Como troco ideias com pessoas de todas as idades, venho percebendo uma certa angústia coletiva frente ao fato indiscutível de que vivemos num habitat deveras violento, e cuja progressão de ataques, mesmo silenciosos, vêm ascendendo vertiginosa e assustadoramente.

As agressões estão em todos os cantos, vindas de todos os lados, e o que intriga, violência gratuita, pura expressão da perda dos valores humanos.

Hoje tememos até por instituições que a princípio têm a responsabilidade de formar pessoas...cidadãs, com as escolas, universidades, igrejas e demais conjuntos sociais.

O que, por exemplo, nos justificaria a atitude divulgada dum motorista que investiu seu automóvel contra uma turma de ciclistas?

E uma cena que chocou: um desportista colombiano chutando uma coruja que apareceu no gramado e que ingenuamente assistia à bola rolando no campo. Chutou a ave até fazê-la perecer.

Por que perdemos as referências de respeito individual, social e holístico?

Qual seria a resposta a nos explicar tremenda agressividade da era atual?

Seria a drogadição da qual se perdeu o controle, a desestruturação da família, o excesso de informações, a era digital, o consumismo desenfreado, a falta de fé, a total inversão dos valores sociais, a aceleração do tempo, a perda dum propósito maior para a nossa tão rápida existência?

Ou estaríamos nós, a violenta Humanidade, apenas cumprindo as Sagradas Escrituras que nos relatam os finais dos tempos com a proposta de purificação do meio e salvação dos seres?

Não sei. O que apenas sinto é que os tempos são muito difíceis.

Penso que não há final de mundo, o que há são finais de eras, de civilizações e de todos os Impérios dos homens.

Se um dia o tudo se acabar, nos restará apenas a nítida percepção da essência do que deveríamos ter sido.

O futuro nunca pertenceu ao Homem. Tudo é conjectura.

Somos apenas a ininteligível história dum presente conturbado, sem muitas explicações, que apenas consolida a História do que ainda chamam de Humanidade...paradoxalmente tão desumana.