PARA RELAXAR... UM TANTO DE LEMBRANÇAS

Para relaxar..... Um tanto de lembranças!

Resposta a um e-mail sobre os tempos do passado e os tempos atuais.

Tempo bom é agora, mas foram bons aqueles também - Anos Dourados - em Campinas.

Primeira comunhão, primeira briga - saí “no tapa” com uma amiguinha depois da missa.

Missa do galo no Natal, pic-nic em Souzas à beira do rio com meus dois irmãos. Primeira ida ao Teatro Municipal para assistir a um balé - primeira vez que senti inveja... queria estar no palco dançando também. Exibição de "... E o Vento Levou" no cinema - um acontecimento, 3 horas de duração -, filmes seriados, “Os tambores de Fu-manchu”, Flash Gordon, na matinê de domingo.

Curso primário no Colégio Anexo a Santa Casa. Excelente colégio interno. Latim, francês e inglês no ginásio. Natação no Clube Regatas.

Missa aos domingos na Igreja Matriz, procissões, velórios nas casas - sempre entrávamos pra ver o defunto e ouvir o choro e os gritos das “carpideiras”.

Primeiro namorado. Encontro no portão de casa. Um caaaalor, quando pegou na minha mão! Primeiro beijo roubado no escurinho do cinema, amassos no portão.

Bailinhos as quartas no Clube Comercial, sábados e matinê aos domingos no Clube Concórdia. Vestidos rodados c/ saiote engomado - New Look, moda do Pós Guerra – 1945 -, boleros, sambas canção, músicas de Glenn Miller, e samba “quadradinho”. Fantasia nos bailes de Carnaval, matinê no Tênis Clube de Campinas. Bailes de formatura - íamos ao baile de todos os colégios -, vestidos longos e rodados..., cinturinha de vespa - minha medida de cintura era de 50 cm., cabelos longos com flores no lado esquerdo (mula-manca), pulseiras de laçarote com uma rosa no pulso. Lindos!

Risadas com as amigas no bonde em Campinas - pura bobeira, hahaha. Passeio no coreto do jardim, footing na Barão de Jaguara aos domingos. A primeira valsa no baile de formatura do ginásio. Sorvete da sorveteria Sonia (cheiro inconfundível), primeira maçã vermelhinha. Primeiro sutiã. Primeiro cigarro – Mistura Fina -, primeiro emprego - Lojas Americanas. Primeiro tailleur - já era uma mocinha, né.

Freiras do colégio - umas simpáticas, outras nem tanto, castigos no meio da classe - eu “aprontava” muito. Carregar as fitas do andor de Nossa Senhora da Boa Morte - uma honra. O orfeão do colégio - Maestro Bove - , cantando Ave Maria de Schubert no coro da igreja (emocionante), destaque no orfeão (segunda voz), pedaços de rapadura para afinar a voz, antes dos ensaios. Fitas vermelhas de cetim de bom comportamento - um acontecimento, quando eu ganhava uma - uma por ano, se tanto. Escapadas pra cozinha do Colégio - pura molecagem.

Noite do Dia dos Mortos, no Colégio - muito medoooo!. Idas à Catedral, na última sexta-feira do mês, para a adoração do Santíssimo Sacramento - invariavelmente, eu desmaiava na capela. Eu era lipotímia.

Olhares compridos pro coroinha do padre, na hora da comunhão. Morte e velório da Irmã Virgínia no Colégio - medo de alma do outro mundo. Castigo no salão da irmandade (quadros de fotos de irmãs falecidas). Verdadeiro pavor. Freiras caminhando pelos corredores e seus sapatos rangendo ao caminhar. Baldes de alumínio com água morna, rangendo as alças pelos corredores, para o banho noturno, em suas clausuras, das três irmãs que dividiam o dormitório com as internas.

Colegas mais queridas do Colégio que ao saírem em férias ou para sempre deixavam saudade. Nunca mais as vi!

Primeira dor de ouvido - muito carinho das irmãs -, descida pelo corrimão da escada do colégio - quebrei o braço esquerdo. Banho às escondidas na banheira - ufa... no verão fazia muito calor depois do recreio da tarde. Jardim com sempre-vivas e violetas.

Primeiro livro infantil “O Tronco do Ipê", primeira peça no teatro do Colégio (“Os Óculos da Vovó”) e a minha queda do primeiro degrau da escada ( um vexame só).

Primeira perda de amigas, ainda pequenas. Uma morreu aos 10 anos de morte causada por doença. Outras duas irmãs suicidaram-se, uma após outra, aos 15 anos.

Adolescência sofrida, incerteza do futuro, saída de casa para viver sozinha em São Paulo. Campinas se tornou pequena demais pra mim. Eu queria mais da vida. Ao completar 20 anos - Quarto Centenário de São Paulo - vim para São Paulo e não retornei.

Já em São Paulo, a convivência com minhas tias, a inveja de minhas primas, a rigidez moral de meus primos – os machões da época, horríveis -, não correspondeu às minhas expectativas. Eu pretendia algo mais pra mim.

Primeiro livro pornográfico - sensação de pecado. As barreiras e as portas fechadas (só impressão). O primeiro emprego em São Paulo, na Pró Matre Paulista. Amigas entrando, caindo como anjos em meus caminhos, em minha vida.

Primeiras perdas de amigas - duas delas foram ainda jovens, voaram como anjos para o “andar de cima”.

Primeiro amante - o homem da minha vida, pura paixão, e pai de meu filho. Primeiro filho - amor da minha vida e razão da minha existência.

Não sinto saudades! Tenho boas recordações – outras nem tanto – do passado. Mas, sinto-me privilegiada por estar vivendo nestes tempos de AGORA.

Esturato/2011

Esturato
Enviado por Esturato em 08/03/2011
Reeditado em 13/03/2011
Código do texto: T2835849
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