COMO PASSEI A ACREDITAR EM DEUS.

Vivi em 11/3/11 uma experiência que certamente teve a mão de Deus. Levei a minha filha Júlia, de 11 anos à escola, como tenho feito todas as manhãs (tenho outro filho, David, com 15 anos). Moramos em Campinas (Sousas) e ela estuda em Valinhos. Tinha uma reunião de trabalho marcada para as 9 horas. Na volta, quando estava descendo a rua Invernada, onde está o Shopping Valinhos, eu simplesmente apaguei.

Talvez por instinto, virei o carro na direção de uma árvore e ele capotou. Sai do carro meio atordoado (ainda bem que estava com cinto de segurança) e logo começaram a aparecer pessoas para ver o que tinha acontecido. Liguei para a minha mulher e pedi que viesse até lá. Um homem apareceu e se ofereceu para ajudar, sugerindo que sentasse no banco do carro dele. Pedi que fosse buscar a minha mulher em Sousas. Veio a ambulância, polícia e pessoal do trânsito. Como estava com muita tontura e um tanto confuso, fui imobilizado numa maca, colocado na ambulância e levado à Santa Casa de Valinhos. Lá passei por vários exames (raio X, tomografia, etc.) e nada foi constatado - apenas um leve arranhão no cotovelo. O meu carro, ainda bem que temos seguro, deve ter dado perda total.

Acredito que eu tenha "apagado" por excesso de trabalho. Na noite anterior ao acidente, acordei às 2 da manhã e não dormi mais. Estou há muito tempo numa roda-viva e, ultimamente, surgiram uma série de oportunidades que vão ao encontro da nossa necessidade familiar de gerar dinheiro rápido.

Como tudo acontece ao mesmo tempo, não dá pra avaliar preliminarmente direito o que deverá ser priorizado - tudo acaba sendo colocado na mesma tigela, exigindo um super esforço mental para digerir, planejar, executar. Agora a coisa mudou. Estive frente a frente com a morte e ela mostrou toda sua ferocidade e rapidez na execução das suas tarefas.

E se o meu apagão mental tivesse acontecido enquanto estava com a minha filha no carro (que por sinal pouco usa o cinto de segurança no banco de trás...)?

Se no lugar da árvore estivessem pessoas num ponto de ônibus? Se eu estivesse sem o cinto de segurança? Se eu tivesse batido em outro (ou outros carros) e tivesse machucado (e até matado) um monte de gente? Se o carro tivesse pegado fogo? Existem uma série de possibilidades que poderiam ter sido a minha história: mas só tive um leve arranhão no cotovelo.

Não sou (pelo menos até agora) um cara muito espiritualizado, apesar de toda formação judaica que tive.

Honestamente não acreditava numa força superior regendo o show da nossa vida.

Mas a sucessão de fatos pelos quais passei há dois dias está fazendo rever (e mudar) esta forma de pensar e de encarar o que acontece com a gente.

Comecei a acreditar que Deus precisava de algum modo parar a loucura que estava sendo a minha vida, e precisou fazer isso de um modo radical, sem no entanto envolver outras pessoas ou que tivesse maiores complicações, além daquelas que são inevitáveis (ficar sem carro por muitos dias, resolver questões burocráticas, etc.).

Deus escolheu o local e horário de forma meticulosa, colocou a árvore no caminho, fez "surgir" um anjo que buscasse a minha mulher, fez com que capotasse de forma que não sofresse maiores danos, fez que não tivesse nenhum outro carro ao lado, etc. Fez com que acontece exatamente 10 minutos após de ter deixado a minha filhinha na escola.

Poderia atribuir todos estes fatos às coincidências da vida, à sorte, mas a coisa foi tão forte, tão precisa, que prefiro creditar à ajuda divina a situação vivida.

Vivi uma experiência que fez, literalmente, capotar os meus conceitos.

Sobrevivi e agora quero compartilhar com todos esta experiência.

Um pequeno "detalhe": lembrei agora que a árvore que segurou o meu carro não era grande.

Cada dia tem ficado mais claro pra mim de que tudo isso não aconteceu por acaso comigo: tenho replicado todos os detalhes para muitas pessoas sempre que tenho uma oportunidade (no ônibus, durante o almoço, no trabalho, etc.).

Dá pra saber quantos acidentes foram evitados a partir da minha experiência? Muita gente que ficou assustada com o fato, não dava a menor bola pra necessidade de levar seus filhos pequenos no banco de trás do carro sem o cinto de segurança. Agora certamente estão revendo seus conceitos de prevenção de acidentes.

A partir de tudo isso, confesso que passei a acreditar em Deus.

Hoje, 17/03/11, fui retirar o meu carro do pátio para levá-lo à oficina, após liberação do delegado de Valinhos (o carro tinha sido guinchado pelo pessoal do trânsito porque o gancho da seguradora demorou pra chegar). A cena que vi nunca mais vou esquecer: o vidro da janela traseira direita estava todo quebrado (o carro capotou e ficou de cabeça pra baixo). A minha filhinha Julinha estava justamente naquele lugar do banco de trás. Se eu tivesse "apagado" apenas 10 minutos antes, com a minha filha no carro, veja o que teria acontecido: como ela estava sem o cinto, certamente teria sido jogada pra fora do carro e teria sido esmagada pelo carro duas vezes: quando tombou de lado e depois quando virou de cabeça pra baixo.

Acho que nem preciso contar o que senti quando vi o vidro quebrado do lado dela: imagine a sensação de um pai que ama a sua filha caçula de 11 anos (e também o filho mais velho, a esposa e muitas outras pessoas) tendo que enterrá-la sabendo que foi esmagada duas vezes por sua causa.

E dá pra imaginar como seria a minha "vida", das demais pessoas da família e dos amigos depois desta situação. Pense um pouco nisso.

Esta imagem pode parecer surrealista e horrível demais para acontecer com a gente, mas se pensarmos um pouco nos riscos que corremos todos os dias, principalmente por conta das nossa imprudência e irresponsabilidade (trabalhar mais do que deveríamos e depois teimar em dirigir, beber antes de dirigr, correr demais no trânsito, não obedecer todas placas de sinalização, não usar o cinto de segurança, etc., etc. e etc.) veremos que poderemos ser os protagonistas desta triste e irreparável situação a qualquer momento.

O que passei fez lembrar aquela canção do Chico que diz: "Saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu..." Acredito que não exista nada neste mundo que chegue perto desta dor. E, felizmente, isso pra mim é apenas uma suposição. E espero que seja sempre pra você também.

P.S. Fiz algumas fotos do carro do jeito que encontrei no pátio. Se quiser ver detalhes da janela traseira quebrada, é só pedir para oscar@vidaescrita.com.br

Conheça o meu site www.vidaescrita.com.br

(19) 9267-9766

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 13/03/2011
Reeditado em 14/01/2024
Código do texto: T2845038
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