O que eu não pensei

Pensei que de mais vinhas por nada

Tão iludida e por mim embriagada

Que por ti, de mim, não dava nada

E, contraditoriamente, me fizeste bem

Vieste como flor que nada me encantava

Tão feia, apesar de cheirosa, gostosa...

Dá por mim pra mim, quase-divina rosa

Tu és quem eu quase odiava, repudiava

De repente, me vi descansado e solto

E minhas de andar tão perto do lábio

Que teu era por pouco, meu aquela hora

Das paredes que foram regadas, agora

Então como numa curta distância

Em que há entre uma e outra primavera

Abreviei o longo tempo: a prática é a espera

Pois, vê que relaxa-nos o corpo, a Ânsia

Nem soube espera me dares poder de ti

Logo que me lembrei, de ti possui

Lembraste tanto daquela vez,como boa

Como boa és, toda flor, perfume pérfido...

Quando então se deram os quatro no chão

Se tivesses tempo de negar, mas tuas mãos

Incitaram, aliciaram, e estive a um passo

Do limiar da dor e do sorriso, prazer, paraíso

Na escada mesma, mesmo! Nas águas

Tão quente, macia, parada, fala...

Que não há de ninguém tamanha disposição

Pra quem ama como ama, apesar dum só coração.