AS (MESMAS) MÃOS DO BEM E DO MAL

O meu presente pensamento é uma mera impressão pessoal e filosófica porém tão concreta quanto a própria existência de todas as coisas tangíveis: o fato de que, nos bastidores de todos os nossos caminhos, talvez precisemos da instigação do mal para que o bem não se aquiete.

Precisamos da bipolaridade deste confronto holístico, que randomiza os sofrimentos dos nossos caminhos pessoais e sociais, tão árduos, para que valorizemos a vitória do que é prioritário para o bem comum.

Foi essa a minha sensação imediata após asssitirmos, perplexos, à MAIS UMA reportagem sobre o caos da saúde pública que permeia todo o país, que foi ao ar na noite de primeiro de abril e que de certa forma não é novidade para ninguém, porém o que ali nos foi mostrado parecia UM INÉDITO filme de terror.

Cenário de guerra é pouco para qualificar o sofrimento do povo e de certa forma dos profissionais, inclusive.

Todos estamos doentes neste cenário de agonia.

Colocar na berlinda apenas a atuação das equipes de saúde é simplificar demais as origens de todo o caos.

Eu já escrevi demais sobre o tal assunto por aqui.

O que nos foi "impressionantemente" mostrado nas telas, aliás muito bem mostrado, talvez seja sim , novidade para os políticos que têm o dever de arrecadar, distribuir, gerenciar e fiscalizar a "versação"-é assim que falam por aí- do dinheiro público, e que, quando precisam de cuidar da SUA saúde são subsidiados pelo Estado, dentro do que há de mais moderno em tecnologia de ponta.

Assim é fácil ser herói brasileiro.

A filmagem do óbito da criança de tão pouca idade, que faleceu de Calazar, sem diagnóstico prévio, agonizando há quatro dias num leito em insuficiência respiratória, sem sequer um acesso venoso periférico, entregue a própria sorte, é só uma amostra do quanto os recursos não estão disponíveis.

Acredito que profissional algum dedicaria uma vida inteira de duros estudos em prol da vida... para assistir um óbito passivamente.

A situação é triste e complexa demais, e as universidades deveriam ter uma "cadeira" para preparar os futuros médicos para atuarem na nossa perene guerra. Como atuar no público fazendo milagres...

Estamos no mês de Abril, final do qual se finda o prazo para que nós, todos os brasileiros contribuintes (não do caos!), acertemos nossas contas com a Receita Federal.

Muito bem, eu não vou me dar ao vexame de perguntar aonde está o suado dinheiro que religiosamente pagamos o ano inteiro para custear o alto custo do caos do país, porque não adianta perguntar. É tempo perdido.

Nossa missão é pagar e não levar. Quem nasceu primeiro, é o que sempre me pergunto: os políticos corruptos ou o povo que não sabe mais ou não tem mais em em quem votar?

Quem comanda as eleições? Quem ilude o povo com poesia? Quem monta os candidatos? Quem toca o gado para o matadouro?

Decerto que são as mesmas mãos que acendem as velas para o bem e para o mal. As mãos que promovem e depois criticam os resultados do seu próprio apoio.

Decerto que depois do que vimos alguém dirá: HÁ QUE VOLTAR A CPMF, seja lá com que sigla for, PARA SALVAR O CAOS DA SAÚDE.

Alguém dúvida que vão nos pedir mais dinheiro ao povo?

Então uma mera opinião: podem pedir o que quiserem porque a questão não é financeira.

A QUESTÃO É ÉTICA, É MORAL, É GERENCIAL E EMERGENCIAL E SOBRETUDO É HUMANITÁRIA.

Alguém, por acaso, entende aí de emergência política?

Eu sinceramente não sei quem poderá nos ajudar.

Penso na Justiça.

Às vezes eu ainda acredito que a Justiça tenha certa voz neste País chamado Brasil. Afinal temos que acreditar em algo. É da natureza humana... acreditar.

Acredito na lisura dos magistrados, como acredito na lisura dos profissionais da saúde. Não há como colocar todas as classes na peneira furada dos maus profissionais, tampouco na dos caóticos produtos advindos da HISTÓRICA corrupção política que corroem nossos bolsos e a nossa dignidade.

Há que haver solução. Qual? Pergunta difícil. Eu não sei respondê-la.

Só sei que sinto vergonha do que ocorre por aqui.

Ontem , coincidentemente, um jornal falava da inconstitucionalidade das Organizações Sociais, "OS" entidades sem fins lucrativos que recebem dinheiro público para gerenciar as obrigações do Estado...sem licitação.

Algo já institucionalizado por aqui . Não discuto os méritos, só a notícia.

O Julgamento do Supremo , que era para ter sido, não foi.

Foi suspenso. Sabe lá Deus quando julgarão as nossas inconstitucionalidades, tantas, que historicamente andam livres e soltas por aí.

Temo que nem Deus saiba, com perdão pela desilusão e pelo uso do Seu nome em vão.

É isso.

O mais triste é que somos sim, uma sociedade empedernida, aonde a vida...vale muito pouco...para não dizer... nada.

Por aqui o que manda é qualquer poder. Mesmo o menor deles.

O ridículo dos tantos poderes acima do tudo, que assistem passivamente o produto das suas mãos perecer nos campos insondáveis da degradação humana.

Nota ilustrativa:

" É impossível servir a dois senhores" .

Evangelho de Mateus (capítulo 6, versículo 24)