DOS DEFEITOS

Penso que os defeitos são um sem número incontável. São também, porque não dizer, inomeáveis, pois há de nascer a cada dia um novo.

Por essa razão não me satisfaz classificar meus pontos negativos apenas pelas definições que encerra o dicionário. Do contrário, todas as diferentes línguas haveriam de possuir o mesmo número de qualidades e defeitos em seus respectivos. Ou, se o dicionário russo possuir cem maneiras de negativar alguém a mais que o brasileiro, devemos supor que eles possuem mais defeitos que nós?

Não é suficiente que nos classifiquemos apenas através dessas palavras, pois ganhamos a liberdade de, a cada novo dia, nos surpreendermos com uma nova imperfeição. E, ao contrário do que se pode pensar, isso deveria nos alegrar bastante. Ou não deveria?

Eis um exemplo que me surgiu hoje repentinamente: algumas pessoas gastam muito mais energia a queixar-se de seus problemas aos outros do que em encontrar uma solução, adiando assim sua própria angústia. Sei que é possível aproximar por um nome, através de dois ou três defeitos, mas este defeito, puro e cru como é, possui um nome próprio? Creio que não.

E o que dizer das qualidades? Creio que as mesmas regras se aplicam, mas não devemos ter o trabalho de buscá-las, afinal, que são as qualidades senão a ausência de certos defeitos? E prestem atenção, se você encontrou alguma qualidade que não possui antônimo, aí está um argumento a reforçar este texto: alguns defeitos não possuem nome.

Certeza tenho apenas de uma coisa: somos um mar, sem fim, de imperfeições.

Josadarck
Enviado por Josadarck em 19/04/2011
Reeditado em 21/11/2011
Código do texto: T2919290
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