AÇÚCAR OU ADOÇANTE?

Passar pelo tempo é concretizar, no corpo e na alma, nosso tão rápido , frágil e abstrato tempo de ação, ainda que nem sempre tenhamos esta consciência.

Demoramos um tempinho a perceber que nossos caminhos futuros sempre dependem das escolhas do hoje, e do passado apenas levamos as experiências e as impressões, tão fundamentais para que nos norteemos ao que julgamos ser o melhor caminho a seguir adiante.

Não acredito em erros e acertos, posto que aceitar tal dualismo de tão extensa bipolaridade seria reduzir a vida a algo simplista demais, contudo, apenas acredito que tentamos o melhor dentro dos nossos recursos em determinado tempo e espaço, dentro do que nos permite nosso conhecimento adquirido até aquele momento.

Portanto, quando se trata de viver, acertar ou errar talvez sejam os verbos mais irregulares que conjugamos pelos nossos caminhos.

Uma irregular conjugação de traiçoeira relatividade que paradoxalmente nos leva aos caminhos absolutos.

Certo é, todavia, que a vida é uma sucessão de escolhas.

Diuturnamente, ainda que imperceptivelmente, fazemos escolhas o tempo todo, desde escolhas simples como a roupagem que veste nossos corpos todas as manhãs, a sobremesa do almoço, o cardápio do jantar, até escolhas que a princípio nos levam a caminhos de vida que nos parecem mais definitivos.

Porém, toda a filosofia já nos ensinou que nada é definitivo, o "para sempre sempre acaba" o nunca sempre acontece, e a nossa única certeza é de que tudo vai mudar...ainda que para o mundo tudo pareça igual, posto que nossas grandes mudanças muitas vezes só ocorrem dentro de nós, e quantos de nós já não percebemos que as grandes revoluções interiores são imperceptíveis aos olhos do mundo?

Talvez nossa maior tragédia seja não enxergá-las " a tempo" ou, pior ainda, não aceitá-las no tempo das novas escolhas.

Certo que é quase sempre "estamos", embora quase nunca "sejamos".

Assim fica mais fácil entender o porquê sempre mudamos, posto que escolhemos o tempo todo. E como escolher nos assusta! Porque a toda escolha pertencem um ganho e uma perda.

Escolhas levam às mudanças, e nossas escolhas são nossas maiores sentenças, todavia não as entendamos jamais como penitências.

Apenas aceitemos a dinâmica conjugação do verbo viver, sempre respeitando nosso absoluto direito de livre escolha: com açúcar ou com adoçante?