Medicina consciente

Creio que ninguém tenha dúvida que o foco central das preocupações dos médicos seja os próprios bolsos. É esse foco que justifica o cinismo com que os médicos insistem em recomendar à população que os consultem ao primeiro sinal de indisposição.

Para uma medicina focada no bolso do cidadão, é desejável que as pessoas sejam mantidas na ignorância, eternamente dependentes de conselhos externos. Indivíduos independentes, que aprendam a cuidar de si mesmos, despenderão quantias significativamente menores nos consultórios médicos, problema relevante aos olhos dos médicos.

Por essa razão, permanecemos, quase todos nós, na mais completa ignorância acerca das questões médicas, sendo a maioria de nós completamente inaptos para o mais simples diagnóstico médico. Somos instigados, compelidos a agir como idiotas, ou como crianças, dependentes do conselho médico para as mais simples constatações sobre a saúde. Tal situação é ampla e insistentemente endossada pelos meios de comunicação.

No entanto, há sinais de vida inteligente na medicina.

Existe hoje um contingente considerável de diabéticos que necessitam de cuidados constantes. Tais pessoas, mesmo quando crianças, são instruídas sobre sua própria condição, e treinadas a executar o seu próprio tratamento, ou seja, a cuidar de si mesmas. São elas próprias, mesmo se crianças, que aferem o próprio nível de glicose no sangue e injetam em si mesmas o hormônio controlador da disfunção.

Caso o foco central da medicina não fosse o bolso do cidadão, esse mesmo espírito predominaria em quase todas as práticas médicas, haveria uma conscientização das pessoas que se tornariam capazes de diagnosticar, examinar e tratar a maioria das doenças, talvez com o auxílio de profissionais. Isso corresponderia, simplesmente, a cuidar de si mesmo.

Essa prática, no entanto, parece muito pouco lucrativa para poder ser disseminada.