Vida minha.

Há um homem a me cobrar os sonhos que ele sonhou.

Ele vive em algum canto da minha cabeça e eu não consigo expulsa-lo.

É um tormento ouvi-lo lamuriar-se.

Ele canta cantos que eu não sinto.

Fala de vontades e desejos que eu repudio.

Interfere nos meus sonhos... E me aprisiona.

Ele só se aquieta quando canto um canto de um cantador, (que devia ter, também, um homem a lhe cobrar os sonhos que ele sonhou) que cantava assim:

“Muitas vezes você fala

Sempre a se queixar da solidão

Quem te fez com ferro, fez com fogo

É pena que você não sabe não

Vai pro seu trabalho todo dia

Sem saber se é bom ou se é ruim

Quando quer chorar vai ao banheiro

As coisas não são bem assim

Toda vez que eu sinto o paraíso

Ou me queimo torto no inferno

Eu penso em você meu pobre amigo

Que só usa sempre o mesmo terno

Onde você vai eu também vou

Mas tudo acaba onde começou

Tente me ensinar das tuas coisas

Que a vida é séria, e a guerra é dura

Mas se não puder, cale essa boca

E deixa eu viver minha loucura

Lembro aqueles velhos dias

Quando os dois pensavam sobre o mundo

Hoje eu te chamo de careta

E você me chama vagabundo

Onde você vai eu também vou

Mas tudo acaba onde começou

Todos os caminhos são iguais

O que leva à glória ou à perdição

Há tantos caminhos tantas portas

Mas somente um tem coração

E eu não tenho nada a te dizer

Mas não me critique como eu sou

Cada um de nós é um universo

Onde você vai eu também vou

Onde você vai eu também vou

Mas tudo acaba onde começou

É que tudo acaba onde começou.”

Quando ele se aquieta eu me liberto.

Uma paz me invade... Fico absoluto.

Mas como uma Fenix; ele ressurge.

E fica tudo como começou.

carlos campregher

“ Meu amigo Pedro, Raul Seixas e Paulo Coelho.”

carlos campregher
Enviado por carlos campregher em 22/12/2006
Reeditado em 26/03/2007
Código do texto: T325462