Espaço, um Território com Fendas Textuais

Quando pensamos acerca do espaço, esse abstrato onde projetamos algo, muitas vezes se torna inconcebível pelo teor abstrato. A partir disso, tomo como referência a nossa percepção acerca do espaço, o chamado território, onde a ocupação se faz notória, cabendo ao ocupante distinguir essa porção espacial que é demarcada por seu interesse.

O presente texto, visa expor o espaço mas com a analogia contextual, pensando a respeito do plano que escrevemos ou digitamos, aqui podendo utilizar o propósito tanto na área atual, quanto virtual e suas derivações. Nossa referência será o texto, com suas implicações expositivas.

Ao escrever um texto, quando desenhamos uma letra ou carácter, pensando na digitação da informática, com suas seqüências binárias. É possível observar o não preenchimento de todo o espaço, por mais que um sujeito possa se empenhar nessa causa, jamais dará conta daquele quadrante espacial, no caso, a folha.

As letras possuem vazantes, uma vogal qualquer é aberta, mesmo um “O”, possui esse vácuo no meio, sempre dando possibilidades ao espaço que está sendo impresso. Sem contar entre letras, numa palavra o espaço é reduzido, quando diferenciamos numa frase uma sequência de palavras. Até mesmo, usamos a expressão “espaço” para designar a distância entre uma e outra.

O espaço que no permite inteligir o texto, apresentando uma lógica conceitual que precisa da separação. Graças a distância, fazemos distinção entre uma coisa e outra, já que a mistura de símbolos não conseguiria ser absorvida na mesma proporção. Talvez nossa mente tenha sido educada para ler assim, o fato é que uma simples mudança nessa significação, pode causar uma árdua tarefa de interpretar, vide os textos do Saramago com suas vírgulas em detrimento de outros sinais gráficos.

Identificado o espaço, assim como a necessidade do mesmo no processo de absorção simbólica. Iremos observar o processo dessa prática.

Um espaço é caracterizado como forma de transmissão, entre palavras, letras, enfim, uma relação simbólica. Porque não podemos pensar essa relação sem a intermediação do espaço?

Se analisarmos na fisiologia, as chamadas sinapses, perceberemos que se trata também de um processo de transmissão, uma relação que ocorre nas extremidades dos neurônios vizinhos, causando estímulos que passam de um para o outro. Mas também nessa relação, a transmissão direta não é viável, podendo ocorrer apenas através de um espaço entre os neurônios, que facilitaria esse processo transmissivo, não apenas facilita, mas é imprescindível que ocorra.

Esse espaço composto de neurotransmissores, que possibilita a relação entre neurônios, é chamado fenda sináptica. A partir de tal perspectiva conceitual, utilizo de forma análoga para apresentar o processo entre símbolo textuais, chamando esse espaço entre cada carácter de Fenda Textual.

Tal Fenda é textual, por fazer parte do texto, só existindo textualização a partir dela, não ocorrendo a disposição dos símbolos sem essa conexão, até mesmo se pensarmos em um carácter isolado, já que uma letra, por exemplo, já se faz em uma relação simbólico-especial.

Portanto, a Fenda Textual caracteriza a necessidade do texto em causar rupturas simbólicas com intuito de contextualizar ou inteligir sua grafia. Essa é uma das características de um texto, as Fendas, são elas os veículos que a interpretação se serve para poder causar ligações ou estímulos que causem as conexões gráficas, semânticas, lexicais, etc. Assim como nossa fala, não pode ocorrer ininterruptamente, por isso a necessidade de pausas na oralidade, mas essa é uma discussão para outro ensaio.