Feliz ano novo!

Hoje eu acordei novamente às 11h (por favor, caro leitor, não me repudie por isso, eu estou de férias). Confesso que me sinto mal por ter perdido boa parte da manhã, no entanto, satisfeito por acordar novamente. Até então me parece ser mais um dia comum. Levanto-me tomo o meu café e penso (um hábito do qual não consigo me livrar) daqui a alguns dias começaremos um novo ano, tudo de novo, problemas velhos que persistirão, problemas novos que surgirão, decepções antigas dividirão lugar a novas decepções, velhos hábitos serão aprimorados, novas rotinas surgirão, entretanto, algumas velhas rotinas serão necessárias. A tristeza dividirá alguns poucos momentos com a alegria. A morte virá buscar alguns infelizes que transitam pela estrada da existência. A vida presenteará novos e velhos pais que seguem a risca o mandamento de Deus: Crescei e multiplicai-vos. O amor continuará a fazer novos reféns, em contrapartida, velhos apaixonados darão conselhos aos principiantes. E assim, mais um ano novo chegará a dezembro com a sensação de mais um ano velho que perto do seu fim não passará de um ano a ser esquecido ou guardado, e mais uma vez a perspectiva de um novo ano que será um velho ano no final do ano seguinte, será mais uma vez o nosso algoz. Nossa! Confesso que até eu me perdi entre o velho e o novo!

Dezembro o mês da esperança, o mês do desespero, o mês da loucura, o mês das reflexões, o mês do “eu”, o mês dos planos e sonhos, o mês também da desesperança, enfim, dezembro é o último estágio de um ano velho, e o ponto de partida para uma nova perspectiva de futuro.

Festas dividem os seus momentos de alegria com quartos vazios mutilados pelo terror do silêncio que de tão mórbido deixa “surdo” os seus ouvintes.

Dezembro também é o mês da confraternização, pessoas que jamais se falaram nos últimos onze meses, agora trocam elogios na tão esperada festa de confraternização, será que dezembro é o mês do amor? Acredito que não, porque em dezembro pessoas também são violentadas, estupradas e assassinadas...

No final de ano as pessoas são forçadas a negligenciar o real sentido do ômega. O capitalismo bombardeia os seus clientes a comprarem, comerciais televisivos cantam canções de paz, crianças escrevem cartas para o papai Noel, e sobra aos pais de “carne e osso” a obrigação de comprarem aquilo que seus filhos pediram ao “vento” na esperança de serem recompensadas pelo comportamento exemplar do ano inteiro, engraçado que existem pais que fazem questão de dar o “crédito” ao papai Noel. Depois querem ensinar aos filhos a não mentir. Hipocrisia.

Dezembro o mês da paz, que mesmo em meio à guerra, nos traz esperança de paz. Dezembro o mês das promessas de um mundo melhor, deve ser por isso que a cada final de ano o número de frustrados é maior que o ano anterior.

Dezembro o mês que deveria ser o melhor de todos os meses, o mês que deveria não nos trazer esperança, mas gratidão, dezembro o mês que deveria ser não o mês do amor, mas o mês do perdão, dezembro o mês que deveria nos levar ao êxtase da existência e não ao clímax do consumismo. Dezembro o último estágio de um ano que jamais voltará a se repetir, e que por esse motivo deveria ser comemorado não com festas fúteis repleta de falsidades e ganâncias de uma sociedade que aprendeu que ser grato é ser obrigado a dar recompensas, então por esse motivo, são falsos, e para burlar essa falsidade compram-se presentes até para aqueles que não gostariam de presenteá-los.

A melhor comemoração de final de ano é aquela em que você entra no seu quarto e não faz nenhum plano, mas simplesmente agradece a Deus por ter completado a linha de chegada...

O ano novo trará em si somente o novo número no calendário, porém a complexidade da existência continuará sendo sua velha companheira. No entanto, isso não é motivo para você baixar a cabeça e se entregar, porém é mais um motivo para você se levantar e viver o hoje, porque o amanhã não existe; somente o hoje é fato, e se você não se atentar ao realismo da existência poderá vir diversos anos novos, porém suas expectativas continuarão sendo velhas esperanças de uma nova vida.

Feliz ano novo! Feliz dia novo!

Luciano Cavalcante
Enviado por Luciano Cavalcante em 23/12/2011
Código do texto: T3403487
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